Sinto-me uma filha ingrata, nunca mais lá voltei. Mas recordo, com saudade, o olhar que se perde no beije seco da paisagem, sarapintado, aqui e ali, pelo lilás do rosmaninho,
o aroma a lareira, chouriço e velhinhos sentados nos bancos de pedra, à porta de casa, à espera que o tempo passe,
a brisa que ferve, enrolada no bater das asas das cegonhas, quebrando o silêncio
Longe, sinto-me pequenina, como se lá estivesse, a olhar o céu, como há 20 anos. É um berço apontando o porvir.