Há dois tipos de mulher. Encontrarem-se os dois no mesmo espaço é coisa para dar asneirada.
No shopping, aproveitei uma das correrias dos miúdos para apanhar um balão e pisguei-me para uma sapataria, só para espreitar as modas. Partilhavam o mesmo sofá uma miúda com a mãe a experimentar sapatos rasos (esta pertence ao primeiro tipo, o das cabras) e duas amigas que babavam para cima de uns sapatos com tacão de 15cm (estas pertencem ao segundo tipo, o das que não gostam de cabras). A conversa entre as duas distraiu-me da prateleira das botas:
- O que eu gostava mesmo era de ser uma mosca para ver o que o meu marido anda todo o dia a fazer!
- Credo! Nem pensar! Já me chega ter que olhar para ele quando estamos em casa!
Enquanto eu pensava ora aqui está uma boa teoria!, a miúda grita para a mãe naquele tom alto mas que não deixa de ser finoqueseilá:
- Mámi, (não, não era o inglês mummy, era mesmo assim mesmo - mámi), por que é que a mámi não compra uns sapatos como os destas senhoras que são tão altos e tão giros?
- Oh, minha querida, porque esses sapatos (e aponta para os pés da outra) são para quem não faz nada na vida! A mámi não pode usar aquilo!
Quando a dos sapatos para quem não faz nada na vida se levantou com as mãos na anca, eu saí. Parece que pertenço a um terceiro grupo que desconhecia: o das que não têm tempo para ver porrada, porque os filhos demoram muito pouco tempo a escolher a cor do balões à porta da chicco.