Há uns dias encomendei uns vestidos online. Já os tinha visto na loja física e embora o preço não me tivesse seduzido, fiquei a pensar neles. Sabia que ia estar fora de serviço durante uns tempos e não conseguiria apanhar as promoções, portanto coiso e tal e chegaram hoje. Ainda que não esteja em condições físicas para os experimentar, pedi ajuda e lá verifiquei que o tamanho era aquele. Enquanto isso, fui recebendo sinais de que os rapazes cá de casa não gostam lá muito de me ver de vestido e que aquelas minhas escolhas não iam ajudar muito a mudar essa opinião. Que pena. Eu gosto deles. Dos vestidos. Dos rapazes mais ainda. O que acontece é que, quando estamos em baixo, sabe bem ouvir coisas boas, não que fazemos más escolhas em termos de encomendas, portanto, como nos conhecemos bem, o meu silêncio indicou que não estava lá muito aflita com o facto de não gostarem e que os vestidos eram para mim, não para eles e que os miúdos não eram para ali chamados, uma vez que até estavam na sala e ainda não tinham visto os vestidos e ajuda-me mas é a tirar este para poder voltar para a cama. Ainda o fecho ia a meio das costas quando o João passou a correr. Tinha ia buscar qualquer coisa ao quarto. Voltou para trás mantendo o mesmo ritmo nos passos e atirou-me, com o seu ar sensato do costume:
- Mãe, não vais agora limpar a casa depois de seres operada, pois não? Tira o avental e deita-te a descansar!
Não sei se o que ouvi a seguir foram os passos do João de volta à sala, se foram as gargalhadas engolidas do pai enquanto me tirava o vestido para me devolver ao descanso.