Sempre foi difícil dar sopa ao João. Hoje já a come bem. Contrariado, é
certo, mas sabe que é uma obrigação, como outras. Já só diz uma vez por
refeição que não quer sopa. É-lhe permitido dar opiniões sobre a sopa e
ir manifestando que não gosta. Mas come-a toda. Claro que há dias em que
precisa de algum alento e lá vêm os croutonzitos animar a festa. E a
minha colher velhinha da Cerelac!
Longe
iam os carnavais de um a cantar, outro a dançar, um terceiro a fazer
cucutata e mais um a mostrar brinquedos enquanto outro tentava a todo o
custo vislumbrar a boquinha aberta para enfiar a tempo uma colher de
sopa lá dentro. Normalmente essa colher voltava a sair inteirinha,
muitas vezes para o meu cabelo, roupa acaba de vestir e arredores. Longe
iam esses carnavais. Iam!! Porque o Pedro está a repetir a gracinha do
mano mais velho e quatro anos depois a minha resistência não é a mesma.
Pior ainda! Os carnavais não funcionam, porque este menino consegue dar
umas boas gargalhadas às brincadeiras e aflição de quem o rodeia, mas
de boca bem fechada! São horas, ho-ras para lhe dar a sopa. Já troquei
de legumes, já troquei de peixe, de troquei de carne, já troquei de
colher, já troquei de prato, já troquei de cadeira, já troquei de casa
(já tentei na rua), já troquei de brinquedos, já troquei de música, já
troquei de pessoa. Não abre a boca.
Só aconteceu quando começou a comer a comer sopa duas vezes ao dia. Até
lá a hora da refeição era pacífica. Estou cá a pensar experimentar
também com os croutons. Ou a famosa sopa verde, já que é tão querida cá
em casa!! (anda uma mãe a esfalfar-se para passar tempo precioso com o
filho e depois quem leva os louros é a sopa alheia! Tssss!)