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terça-feira, 31 de julho de 2018

A mãe é de cristal

Escrevi aqui há uns tempos que o amor é aprendido. O mimo também. E o cuidado.
Numa casa com muito pouca feminilidade, sendo eu própria uma maria-rapaz, há bastantes correrias despojadas, jogatainas cobertas de suor e pouco tempo e disposição para pormenores e salamaleques. Ainda assim, os meus filhos interrompem tudo para me mimar e têm o máximo cuidado na forma como se dirigem a mim. Fazem de tudo para que esteja bem, defendem-me em todas as situações, mesmo (especialmente) quando não tenho razão e terminam todas as conversas comigo com um beijinho repenicado. Há muitos beijos nesta casa, caramba. Têm sempre em atenção a minha suscetibilidade e envolvem-me sempre com carinho. Mesmo quando não é preciso. Ou seja, sempre.




Fiz um desenho, mãe.
Fizeste, Pedro? Mostra lá!
Olha.
Que lindo! Quem são?
Eu, o mano e o pai.
Está muito bonito!


Pausa pensativa, com ar de quem teme ter ferido os sentimentos da mãe


Tu não estás no desenho porque tinhas ido trabalhar.