não serão de todo estranhos os relatos que se seguem.
Conhecem aqueles meninos fofinhos, anjinhos, que, em casa, não matam uma mosca? Tenho muitos. São tão fofinhos!...
Desde que me lembro de mim quis ser professora. Professora daquelas que ensinam, que acompanham os alunos durante vários anos, choram quando acaba esse ciclo, libertam-nos para o mundo selvático, recomeçam tudo com outros alunos. Mas professora daquelas que ensinam! Das que ensinam, tipo pedagoga, mentora. Das que ensinam...
Tive azar. Pertenço a uma época em que ser professora nada tem de ensinar. O ponto fulcral da nossa função é, agora, mantê-los sentados, atentos e virados para a frente o máximo de tempo possível. Quem o consegue, é um óptimo professor. Um domador de leões desembaraçar-se-ia com mais... profissionalismo. É que as aulas de hoje são uma espécie de Super Bowl. Quem me disser o contrário, mente. Ponto final.
Contudo, e porque os miúdos vão gostando de mim, momentos há em que chego até a aprender alguma coisita com eles. Vá lá, alguém aprende algo ali!
A tipologia é vária. Este ano, calharam-me em sorte três tipos:
Discente #1, o coin man
Fulaninho(assoando-se)- Stôra, posso ir pôr o lenço no caixote do lixo?
Eu- Podes. Estás constipado?
Fulaninho- É do inverno. Traz muita ranhura!
(Empresta aí uma moeda...)
Discente #2, o cientista da língua
Cicraninho- Stôra, dite devagar. Dói-me aqui uma perna. Não posso escrever depressa. (?!)
Eu- Magoaste-te?
Cicraninho- É no músculo. Foi na aula de Educação Física, durante o corrimento à volta do campo.
(Argh! Escuso-me a comentários...)
Discente #3, o polido
Beltraninho- (dorme em cima do livro)
Eu- Beltraninho, lê o texto da página xyz.
Beltraninho- Oh! F*d*-s*!
(De notar que, em todas as situações, eu podia ter estado calada!)
Repito: são tão fofinhos!...