Sempre que leio um livro ou vejo um filme, começo pelo fim. Lembro-me desta mania desde que me lembro de mim: primeiro, a última folha, ou a última cena. É muito mais aliciante ter um DVD na mão e ir ao que interessa do que estar numa sala de cinema a espirrar por causa do ar condicionado sem saber qual é o fim do filme até chegar ao fim do filme. É muito mais aliciante ler a última página de uma história do que estar num suspense aborrecido do início ao fim do livro.
Na verdade, o que me interessa não é o fim , mas o que aconteceu para se chegar a esse fim. Fins qualquer um arranja. Mas a viagem até lá...
Sentiu as pontas do dedos endurecidas pelo tempo percorrer-lhe os sulcos da face. Também o seu rosto havia sido fustigado pelos anos.
- A sensibilidade na ponta dos dedos vai desaparecendo com a idade, meu amor...
- Não te sinto as rugas com os dedos, querida. Sinto-tas com a alma.
- Que poeta me saíste!
- E adivinho! Não te disse que ainda me vinhas parar aos braços?
Nos braços também se perde a força. Mas o abraço sentiram-no os dois com a alma.
Vejamos o que sai daqui.