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domingo, 25 de novembro de 2012

Na terça, andamos todos de pijama: o João na escola e eu em casa. O João por solidariedade, eu por gripe. Sensibilizou-me a forma como o miúdo entende estas causas e as leva tão a sério. Foi o primeiro dia de muitos em que foi para a escola com vontade, por fazer parte desta iniciativa. E eu fiquei em casa a pensar que há tanta coisa fora do sítio, tanta coisa por arranjar. E são coisas que me parecem tão naturais que não entendo por que continuam estragadas. Gostava de viver num sítio onde as mães recebessem os seus bebés no peito e percebessem que naquele momento o mundo para. Mas para isso era preciso que todas os pudessem ter e que algumas os quisessem. E é preciso querer muito, porque não é tarefa fácil. Gostava de viver num sítio onde também encontrássemos muda-fraldas nas casas-de-banho dos homens. Mas para isso era preciso que todos os pais gostassem de mudar fraldas. E que gostassem de as mudar em casa também, onde ninguém os vê a fazê-lo. Gostava de viver num sítio onde os pais apertassem contra o peito os filhos quando chegassem a casa do trabalho. Mas para isso era preciso que tivessem trabalho. E que gostassem de o ter. Gostava de viver num sítio onde as coisas não estivessem fora do sítio, desarranjadas e estragadas. Biscateiros, alguém se oferece?