Tenho uma certa taradice por carteiras e malas, confesso. Vou escondendo umas atrás das outras no armário, na esperança de me esquecer delas e fingir que preciso de uma azul-não-sei-quê ou de uma verde-qualquer-coisa. Há já muito tempo que não perco a cabeça, mas hoje passei numa daquelas ruas sem trânsito e avistei, numa montra, promoções das que me fazem sentir menos culpada se calhar de encontrar alguma que me faça levá-la para casa desnecessariamente. Não tenho nenhuma da marca que vendiam, por isso entrei e perguntei o preço final. Era gira, mas continuava cara e, como levava o Pedro ao colo, pensei que aquele valor dava para comprar muita coisa para ele e para o irmão. Ainda assim, pedi à menina que a trouxesse até à porta para lhe ver a cor à luz do dia. Foi nesse momento que começou a chover. Pesou-me a consciência. Disse-lhe Bem, vamos tirar o cavalinho da chuva. Rimo-nos e fui à minha vida.