Falava há dias com uma amiga sobre ter mais do que um filho. A conversa acabou por bater no tema do costume: como a nossa vida mudou desde que nasceram crianças nas nossas casas. Conhecemo-nos de outros tempos - de quando chegávamos a casa e íamos dar uma corridinha juntas, a pensar já na alheira que íamos mandar abaixo ao jantar e de quando escolher o hidrantante depois do banho era o momento mais stressante do dia. Agora? Chegar à casa de banho e conseguir efetivamente tomar banho já é um martírio. E a conversa desenrolou-se.
Outro filho? E as madrugadas passadas a ver canais de criança na TV?
Outro filho? E e as olheiras de manhã?
Outro filho? E os cabelos brancos?
Outro filho? E o já não querer saber se aquela roupa nos vai ficar bem ou mal?
Outro filho? E o querer lavar a loiça toda à mão só para estar ali um bocado sossegada?
Outro filho? E o ir às compras que se transforma num autêntico SPA?
Outro filho? E o sossego que é passar a ferro?
Outro filho? E sair de casa com dois sapatos diferentes?
Entretanto eram horas de os ir pôr na cama e o resto da conversa ficou para outro dia.
Verdade verdadinha é que, quando me apanhei ali, no meio dos dois, a contar a história do oó, as madrugadas, as olheiras, as brancas, os disparates e a agitação só me deram vontade de rir. Ou era do cansaço.