Hoje de manhã fui passear com o meu pequenito. Só os dois. Às vezes sabe-me bem estar só com um deles para poder olhá-lo como deve ser, sem distrações. Caminhamos muito, de mãos e almas dadas, compramos pão e só regressamos a casa quando já não havia nem uma migalha. Gosto tanto destas nossas pequenas tradições que se vão enraizando no dia-a-dia. São vergonhosamente simples mas ganham a maior importância do mundo quando saímos de casa e, em silêncio, as mãozinhas pequenas me puxam para aquele caminho porque é para ali a felicidade, para aquele pedaço de pão com o mundo a girar à volta.
No regresso a casa, uma obesa de orgulho fez questão de não nos deixar passar no pouco passeio que restava do seu nariz empinado mas que, ainda assim, teria dado para todos. Olhei para ela e atirei-lhe um sorriso. Vim o resto do caminho a pensar que sinto cada vez mais certeza de que estou a educar os meus filhos na direção certa. Ensino-os a darem o seu lugar, a não quererem ser sempre os primeiros a descer no escorrega, a deixarem a parte mais fácil do passeio para os mais velhinhos, a serem dóceis e amáveis um com o outro e com os outros. Estou a fazer um bom trabalho, sei que estou. E se me disserem que vão ser comidos vivos, volto a atirar com um sorriso. Já vi muito cabrão a ser esbofeteado pela bondade de algumas pessoas. E a levar um grande encontrão de sorrisos como os dos meus filhos.