Finalmente entendo a velha máxima com a idade vem a sabedoria.
O que sabia a eu dezona? Que sabia tudo. Que os pais nunca tinham razão. Que os gajos eram como os rebuçados e vinham em sacos de plástico ranhosos. Que ia casar com o Richard Dean Anderson (versão MacGyver) e, de seguida, com o Bret Hart. Que as amigas eram para toda a vida.
A eu vintona? Que, se estudasse bastante, aos trinta tinha um SLK e ensinava em Cambridge. Que não ia casar com o não-sei-das-quantas-que-aparece-no-Stargate. Nem com o Bret. Que algumas amigas eram para toda a vida.
Depois dos 30 sabemos mesmo muito mais. Sabemos que começa tudo a cair. Sabemos que não volta nada a subir. Sabemos que o que enruga não volta a desenrugar sem várias idas à farmácia ao pé da escola. Sabemos que o SLK do vizinho em cinzento é que é giro. Sabemos que uma amiga ficará connosco por vários anos: a Celu Lite. Sabemos onde fica Cambridge. Sabemos que a partir daqui não melhora.
É pena que quem nos manda tanta sabedoria não enfie sorrateiramente umas notas na nossa carteira para irmos corrigir o excesso de conhecimento.