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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Os girinos dão-nos a volta à vida

De há uns tempos para cá, todos os dias, um casal traz um menino de 4 anos para brincar aqui atrás no parque. Têm ambos um ar desistente, vestem-se sempre de preto e usam uma cara triste. Todos os dias vêm cá. Devem viver perto, mas nunca antes os tinha visto. Parece que o mundo lhes caiu em cima. Caminham lentamente, cabisbaixos, com roupas desbotadas e rasgadas. O menino usa sempre as mesmas sapatilhas rotas. Parece feliz. Não sei que grau de parentesco os une, mas são muito próximos. O preto faz adivinhar o pior. Diria que desistiram da vida. Mas quem dedica tanto tempo do seu dia-a-dia a uma criança e lhe acaricia o cabelo na hora de ir para casa, triste por deixar a brincadeira, não pode ter desistido de nada. Antes muita gente coberta de dourados e vermelho da cabeça aos pés soubesse transformar a tristeza num amor assim. Aquele miúdo é feliz por muito velhas que sejam as sapatilhas.