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segunda-feira, 16 de maio de 2011

Apesar de ser uma invasão (ainda que não identifique os intervenientes), não podia deixar de vir aqui guardar, neste meu baú de memórias, a cena romântica mais enternecedora a que já assisti.
Lembro-me (razoavelmente) bem de como me sentia de coração partido nos meus idos teens. E agora, apesar da carapaça racional endurecida pelo tempo (cof cof), estes momentos continuam a deixar-me de lágrimas ao canto do olho/a escorrer-me pela cara abaixo.
Na semana que passou, partiram o coração a um dos meus miúdos. Passou a aula inteirinha a chorar (ora cá está mais uma desvantagem das aulas de 90 minutos! É tempo a mais para um coração despedaçado se lamentar): cabisbaixo, chorava baixinho, como se miasse. Acabou por deixar de fazer barulho, não fosse incomodar os colegas, e recusou cada convite para sair da sala e "ir apanhar ar". Foi chorando, até que olhou para cima, limpou os olhos e pediu para ir lavar a cara. Chorar assim, na frente de todos os colegas, não deve ser fácil. Enquanto esteve fora, passei pela cadeira vazia. Em frente, no caderno, abrira-se uma cratera. Mesmo no centro das folhas. Caíram-lhe tantas lágrimas que o papel se desfez. Senti um calafrio. Não comentei. Todos viram. Ninguém disse nada. Arrancaram-lhe as folhas quebradas pelo buraco e deixaram o caderno no sítio. Ninguém disse mais nada sobre o assunto e, quando tocou, saíram todos da sala com os olhos vermelhos. Eu também.