Ando tão contente com a minha horta de varanda que até parece que vou conseguir mantê-la quando acabar o verão! Gosto destas ilusões. Deixo-me levar pelas maravilhas do calor, dos pratos picantes de verão, dos raios de luz a bater nas folhas verdejantes e pumba: peço ervas aromáticas como prenda de anos para completar a minha hortinha.
Mas estou mesmo convicta que vou conseguir levá-la avante. Nem que seja só para tratar dos sorrisos irónicos que me observam enquanto passo de regador na mão a caminho da varanda. A malta precisa de motivação, não é? Há quem o faça por gostar de comida mais saborosa, quem queira só provar que é capaz, quem pretenda vingar-se de sorrisos parvos. Ter uma horta urbana tem disto tudo. E tem também o benefício de estar a preparar couscous com tamboril e ir só ali à varanda colher umas ervinhas.
Estou entusiasmada. Temo que terei folhinhas para acariciar durante muito tempo. Estou tão certa disto como de saber que melocotón é pêssego em espanhol por causa das latas que trazíamos de Vigo quando era miúda.
É pêssego, certo?
Pelo menos era o que dizia nas latas.