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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

A propósito da crise dos 40... ou uns anos antes...

Hoje ao almoço a conversa era sobre a idade e o que ela nos faz sentir. Confesso que hesitei um pouco quando perguntaram a minha.

Sei lá. Praí uns 16 ou isso.

Mas a verdade é que me deixaram a pen(s)ar.

Tenho 37. É uma idade interessante. Sentimo-nos donas da verdade. Sabemos tudo, mas, às vezes, vacilamos. E é aí que ficamos sem chão, porque somos donas de nada.

É a idade que esperávamos há tanto para podermos, sem parecermos velhas, vestir uma saia lápis e usar uns saltos agulha (pelos vistos até para as tarefas domésticas), mas depois espetamos com umas huggs nos pés e umas calças de ganga rotas nas coxas e achamos que assim é que é. Assim que é que nos sentimos nós próprias. E é nesta altura que começamos a responder aos olhares de mas tu achas que tens idade para isso? que cruzam o nosso na rua com um havias de ver os calções de ganga a mostrar as nádegas que usava quando tinha quinze anos!

É a idade em que nos damos ao luxo de usar uma mala xxl carregada de tudo e mais alguma coisa, aquela que todos dizem ser caótica, aquela que é despejada pelo homem em cima do sofá sempre que precisa das chaves do carro e da qual tira tudo menos o que procurava, aquela na qual enfiamos a mão para, um segundo depois, tirarmos o batom do cieiro. E as chaves do carro, que lhe entregamos enquanto besuntamos os lábios com ar de vitória. E com aquela gosma.

É a idade em nos esfregam constantemente com imagens dos tou, das gorila, dos pega-monstros, das páginas de diário perfumadas, às quais fazemos um  ar de sou muito mais feliz agora enquanto engolimos em seco as saudades daqueles tempos.

É a idade em que nos dá para escrevermos posts destes só para adiar um pouco a hora de ir fazer a janta. É que, aos 37, já não nos chamam para mesa.