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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Anteontem fui ao shopping. Estive na fila para lá chegar, na fila para estacionar, na fila para perguntar se havia outro tamanho, na fila para pagar, na fila para comer, na fila para dar de mamar, na fila para regressar a casa. Já fui pessoa para estragar o meu tempo livre naqueles sítios. Agora não tenho ponta de pachorra para estas coisas. Cada vez menos aprecio carneirada, a menos que envolva uma assadeira e muito alecrim, principalmente porque sei de antemão que vou encontrar falta de consideração pelos outros e próprio-umbiguismo da pior categoria. Até para dar de comer aos garotos há correria para ver quem chega primeiro. O cantinho da amamentação estava repleto, um calor do caraças, eu sentia ao mesmo tempo o miúdo na mama, o cotovelo da do lado nas minhas costas, a respiração da do outro lado no meu cabelo, os olhos da da frente na minha barriga. Tudo muito sorridente, ai que fofinho que é o seu, e as cólicas e tal, arrota um aqui, caga-se outro acolá, continua tudo impávido e sereno, como se ninguém se apercebesse desta sinfonia a interromper as conversas das mamãs babadas: nós já estamos a tentar o infacalm, esta não dorme nada de noite, mas é tão bom, não é?, ah pois há lá coisa melhor no mundo. Entra um casal inglês, it's crowded, let's find some place to sit. E eu ali, a ouvir tudo ao longe, como se vários metros nos separassem. Isto hoje está apinhado, alguém comentou. E lembrou-me de pinhas e de como gosto de pinhões, é verdade não me posso esquecer de comprar nozes e figos. Mas não aqui. Vou a uma loja qualquer do comércio tradicional.