Quando fomos a Lisboa nas férias da Páscoa, vim ainda mais deliciada com o sotaque alfacinha. É verdade, gentes do norte, aticem-me já os cães: eu gosto (mesmo muito) da pronúncia lisboeta. É de uma doçura que não se encontra em muitos sítios.
No pizza hut do vasco da gama, faltava-nos uma cadeira para sentar o Pedro. Uma senhora aproximou-se com uma daquelas do ikea e ofereceu-no-la:
Fique com a cadêrita, menina. Já nã preciso dela.
Mel, mel puro.
Mais tarde, quando passeávamos pelas ruas, encontramos um casal desavindo. A discussão parecia acesa, mas assim que nos aproximamos, mel outra vez:
Cômo é que é possível que ainda me quêras magoar! Voltaste a beber? Chêras-me a álcool!
Nem pareciam estar zangados. Só lhes faltava dar um abraço e aquela cena passaria por um reencontro romântico.
Nós, a malta do norte, quando discute, não há melzinhos, só há caralhadas e vozes grossas. À saída do zoo chateamo-nos já nem sei bem porquê e estava a ver que aparecia a polícia para tomar conta dos desacatos.
Sim, a maior parte das vezes a malta do norte discute forte e feio e nem sabe bem por que está a discutir. No dia seguinte já nem se lembra que houve zanga. No dia seguinte ou quando chegam ao carro.