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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


Hoje dei por mim a pensar Se um dia destes me perguntares se me lembro dos motivos pelos quais comecei a gostar de ti, apanhas-me desprevenida. Acho que já não me lembro. Mas todos os dias encontro motivos novos para continuar a gostar...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Para quem lida com crianças


não serão de todo estranhos os relatos que se seguem.
Conhecem aqueles meninos fofinhos, anjinhos, que, em casa, não matam uma mosca? Tenho muitos. São tão fofinhos!...
Desde que me lembro de mim quis ser professora. Professora daquelas que ensinam, que acompanham os alunos durante vários anos, choram quando acaba esse ciclo, libertam-nos para o mundo selvático, recomeçam tudo com outros alunos. Mas professora daquelas que ensinam! Das que ensinam, tipo pedagoga, mentora. Das que ensinam...
Tive azar. Pertenço a uma época em que ser professora nada tem de ensinar. O ponto fulcral da nossa função é, agora, mantê-los sentados, atentos e virados para a frente o máximo de tempo possível. Quem o consegue, é um óptimo professor. Um domador de leões desembaraçar-se-ia com mais... profissionalismo. É que as aulas de hoje são uma espécie de Super Bowl. Quem me disser o contrário, mente. Ponto final.
Contudo, e porque os miúdos vão gostando de mim, momentos há em que chego até a aprender alguma coisita com eles. Vá lá, alguém aprende algo ali!
A tipologia é vária. Este ano, calharam-me em sorte três tipos:

Discente #1, o coin man

Fulaninho(assoando-se)- Stôra, posso ir pôr o lenço no caixote do lixo?
Eu- Podes. Estás constipado?
Fulaninho- É do inverno. Traz muita ranhura!

(Empresta aí uma moeda...)

Discente #2, o cientista da língua

Cicraninho- Stôra, dite devagar. Dói-me aqui uma perna. Não posso escrever depressa. (?!)
Eu- Magoaste-te?
Cicraninho- É no músculo. Foi na aula de Educação Física, durante o corrimento à volta do campo.

(Argh! Escuso-me a comentários...)


Discente #3, o polido

Beltraninho- (dorme em cima do livro)
Eu- Beltraninho, lê o texto da página xyz.
Beltraninho- Oh! F*d*-s*!


(De notar que, em todas as situações, eu podia ter estado calada!)

Repito: são tão fofinhos!...

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Post II - Verde


Sou verde.

Não! Sou do Porto! Ensinaram-mo a minha avó e a minha mãe.
Não! Gosto de um bom bife! Pode ser rodeado de legumes sensaborões. Esses vão lá ficar de certeza.
Não! Não sou ecologista. Defendo quem defende a natureza e a sustentabilidade. Mas faço-o do gabinete.
Não! Nada disso. Sou apolítica.

Sou verde de ciúmes.
No seguimento do post anterior, lembrei-me que sou ruidíssima de ciúmes das minhas almas-gémeas. Mas de todas. Os meus ciúmes não se esgotam na cara-metade. Estendem-se à família, às amigas, aos conhecidos, aos menos conhecidos. Se gosto de alguém, quero essa pessoa só para mim. Quero que me queira só para si.
Com o tempo, esta ciumeira doentia tem vindo a esmorecer. E orgulho-me de dizer que já vou aceitando que se diga que alguém, que não eu, é giro, interessante e atraente. Já não fico verde. Escuro. Fico verde...clarinho. Alface vá, que é fashion.


Post I - alma gémea


Acredito em almas gémeas. Não, nunca achei que haveria algures no mundo um testo para a minha panela. Afinal até havia, mas essa história fica para outro post.
Acredito em almas gémeas. Existem em tudo o que toca ao amor. Amo, com uma imensidão que me ultrapassa, aflige e consome, as minhas almas gémeas. E faz-me confusão que algumas pessoas digam que não se entendem com a mãe, não se compatibilizam com a irmã, vêem nos sogros os pais que nunca tiveram...
O Amor que tenho às minhas almas gémeas, que sinto serem a minha alma puzzlificada, é de tal fervor que, por vezes, sinto que me destrói por dentro. E isso vê-se por fora (ou será de já ter passado dos 30?)!
Amo aquelas que vejo todos os dias, as que vejo só de vez em quando, as que vi, até as que nunca vi mas me contaram como eram, as que verei mais tarde, as que voltarei a ver no fim. Mas amo-as de tal modo que não consigo ver o que escrevo neste momento. Não consigo pensar nelas sem que se me encham os olhos de lágrimas e se me ate um nó no estômago (será no estômago? Às vezes, confundo o estômago com o espírito. Onde quer que seja, é na barriga que o sinto). Não deixo de me preocupar com elas mesmo quando sei que estão bem. Gostava que estivessem sempre bem. O meu maior pavor, desde pequenina, é desiludir os meus pais. Nada me deixa mais desconfortável. Tenho um orgulho tremendo dos meus antecessores, um orgulho que me enche e ensina a ser todos os dias melhor, todos os dias mais parecida com eles. Todos. Nunca lhes chegarei aos calcanhares. Mas, enquanto vou tentando, vou pensando que gostaria que, um dia, alguém a quem antecedi também queira ser como eu fui.