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quarta-feira, 29 de agosto de 2018

As conclusões aqui apresentadas são fruto de um longo e apurado estudo a que me propus neste verão. Pessoalmente, é francamente fácil efetuar uma pesquisa desta estirpe, já que sou do tipo que demora duas horas a ambientar-se ao bloco de gelo que temos ao longo da costa e a que muitos gostam de chamar mar. Começo por dizer palavrões em jorro da toalha até lá baixo, testo primeiro com os dedos dos pés, afasto-me dois metros, volto a tentar durante aí... digamos... uma hora e regresso aos palavrões. De seguida molho-me até aos joelhos, altura em que deixo de sentir tudo dali para baixo. E dali para cima também. Incluindo a vontade de permanecer lá em baixo. Riam-se à vontade, mas isto é doloroso para quem tem filhos que desconhecem o facto de a praia ter areia, de ser possível ler um livro com os gritos das gaivotas e do vendedor de bolas de berlim como música de fundo, de jogar qualquer coisa, qualquer coisa mesmo: bola, cartas, raquetes, a paciência da mãe para o esgoto, sei lá...

Vamos lá então. Que tipos de pessoas encontramos na água?
Ora, em primeiro lugar, parece-me justo apontar os adolescentes que saem em correria de casa já a despir-se, espetam atleticamente os indicadores no boião do protetor solar para traçarem dois riscos debaixo dos olhos e vão por ali fora a saltar selvaticamente para finalmente chegarem à água e mandarem grande chapa.
Registo igualmente os velhotes enxutos que chegam à praia vindos de todos os quadrantes para se juntarem num ponto central do areal como se lá tivessem deixado um X a marcar o local de encontro. É quando estes senhores chegam à praia que nós, trinta quarenta anos mais novas, encolhemos a barriga e tapamos a cara com uma toalha para esconder a vergonha. Uma vez no mar, nadam para a linha do horizonte e não voltamos a vê-los. Talvez cheguem aos Açores. Quem sabe?...
Temos depois as senhoras da alta meia-idade, com os seus cabelos impecavelmente penteados, que entram na água com toda a tranquilidade. A estas senhoras costumo chamar cruzeiros: nadam de um lado para o outro, calmamente, de nariz a apontar para o céu e queixo extremamente franzido, mantendo o penteado imaculado, nem um fio de cabelo molhado. Não sei como mas conseguem escapar incólumes aos índios do primeiro grupo.
Há ainda os casais de namorados. Sobre estes não há muito a dizer. Apenas que se afastam o suficiente para ninguém ver o que estão a fazer, embora toda a gente saiba que não foram para lá jogar ao sério.
Por último, há nas praias deste belíssimo país as mães quarentonas que não conseguem ser salpicadas pela água sem que lhes regelem todos os ossos que têm no corpo. São as que fazem estudos como este.

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Gosto que te deites ao meu lado, mãe. Quando sais, o cheiro do teu cabelo fica na almofada e é um cheiro tão bom. Cheira a mãe.