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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Rosmaninhal

Metade do meu ser nasceu aqui.
Sinto-me uma filha ingrata, nunca mais lá voltei. Mas recordo, com saudade, o olhar que se perde no beije seco da paisagem, sarapintado, aqui e ali, pelo lilás do rosmaninho,

o aroma a lareira, chouriço e velhinhos sentados nos bancos de pedra, à porta de casa, à espera que o tempo passe,

a brisa que ferve, enrolada no bater das asas das cegonhas, quebrando o silêncio

Longe, sinto-me pequenina, como se lá estivesse, a olhar o céu, como há 20 anos. É um berço apontando o porvir.


segunda-feira, 19 de abril de 2010

convite

Queres vir comigo?
Uma noite no Baleal
quatro dias em Vale da Telha
com várias descidas à Arrifana
e outras tantas fugas à Carrapateira.
Depois podemos voltar para casa.
Mas passamos por Montemor!
Queres vir comigo?

Percorrer 4 km em 48 m a pé


Até aos 6 anos, fui um bichinho do mato. Vem daí o gosto pelos vegetais crus, pelos animais da floresta, a fuga do social. Quando somos pequenos, as distâncias parecem grandes. Crescemos e tudo se relativiza.
O meu tio visitava-me todos os dias. Percorria, a pé, 4 quilómetros em 48 minutos para me dar um rebuçado. Sempre foi louco por mim. E era loucura que me parecia ser o motivo que o levava ali, a pé. Fazia-me sentir tão querida e tão pequenina.
Agora entendo que loucura é apego. Já cozinho os vegetais. Faria por ele, o mesmo percurso várias vezes ir e voltar. Prefiro um peixinho dourado num aquário pequeno. Continuo a gostar tanto de rebuçados de fruta.