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sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sei que esta minha confissão me vai fazer perder metade das pessoas que me leem (vou passar a ter apenas um leitor). Mesmo assim aqui vai: não sou doida por francesinhas. Credo! És do Norte e não gostas de francesinha? Não é bem não gostar. A ideia da coisa até me agrada. Se pensar em francesinha, no conceito de francesinha, sinto vontade de comer uma. Parece até que sinto o cheiro do molho, mas quando lhe cravo o dente efetivamente fico sempre desiludida. Nunca é bem aquilo que esperava. E já ando a treinar há 36 anos! Já provei de tudo em todo o lado, até nos sítios que todos descrevem como o melhor para se comer uma francesinha. Não vou nomeá-los aqui, porque se não faço publicidade também não faço despublicidade, mas a verdade é que não sinto o mesmo com uma bela feijoada ou um um cozido à portuguesa. Sabem-me sempre bem. Nunca uma picanha me desiludiu. Nunca fiquei com fome depois de comer um bacalhauzinho com broa. Fico satisfeita com um leitãozinho assado. Agora francesinha... nãããã. Se calhar é melhor começar a dizer umas caralhadas senão corro o risco de deixar de se uma gaja do nuorte. Carago.
Depois de uma dura e longa pesquisa no mercado da cosmética, finalmente comprei um batom vermelho. Escolhi o Ruby Woo da MAC. Só o usei uma vez, mas posso garantir que tem uma cor espetacular que fica bem em qualquer lado. Fica bem nas paredes da sala. Fica bem no ecrã da televisão. Fica bem na carpete ao pé do sofá. Fica bem no chão do corredor e do hall. Fica bem nas mãos, na cara e no cabelo do meu filho mais novo. É Era giríssimo este batom. 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Adultos à força

O papá tinha acabado de aspirar quando os miúdos me vieram pedir bolachas. Quando passei no corredor, já ele fervia por estar tudo cheio de migalhas. 
Deste-lhes bolachas agora?
Dei.
E não sabes que não deviam comer sem ser à mesa?
Sabia.
E não sabes que acabei de aspirar?
Sei.
Estás a responder assim só para me irritar?
Aha.

Olhamos os dois para o lado e vemos o João de vassoura na mão a limpar as migalhas todas do chão. 

Já não vos posso ouvir. Podem calar-se agora que isto já está limpo?

Metroquê?

Meninas, deixe-me de aventuras. Querem aquele gel de banho com um cheirinho espetacular a óleo de argão que vos transporta para as arábias? Não lhe peçam para o trazer quando for às compras. Vai andar meia hora no corredor da higiene à procura de um frasquinho de uma qualquer cena espanhola de Aragão.
E se forem juntos ao shopping, nunca, mas nunca lhe peçam para aguentar  um bocadinho os miúdos enquanto vão só ali à Mac buscar o topcoat que já acabou. Vão levar com a cara mas-os-topcoats-acabam? logo seguida de um enorme espanto por não entrarem na uterque mas na loja seguinte que só vende aquelas coisas para pintar a cara e assim.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Quando o cabelo começa a picar-lhes os olhos, sou eu que o esponto aos meus filhos. Quer dizer, o João já não alinha nestas coisas, mas o Pedro ainda faz tudo para me ver feliz (é mais para não ir ao cabeleireiro, mas vamos fingir que sim). Tenho para mim que acabo de descobrir a minha profissão alternativa, para quando me fartar do ensino.
À quantidade de vezes que já ouvi olha o santantoninho, ou malta a cantar ai chega, chega, chega, chega, chega ó minha agulha afasta, afasta, afasta afasta o meu dedal ou ainda o papá a chatear-me com o regresso dos doidos à solta, decididamente a minha próxima profissão é telefonista. É que não tenho mesmo jeito para cabelos, mas pareço ter vocação para ouvir.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O cheesecake que fiz para a sobremesa do jantar estava uma (de)líchia!

Eu confesso: gostei muito da prenda. Mas passa-me logo a boa vontade.



Ao que parece eu também tenho defeitos. Não apago as fotografias da máquina e depois repetem-se e mais não sei quê. Para além disso sou muito desorganizada no computador. Enfim, defeitos de desorganização que complicam imenso a harmonia diária desta casa.
O meu pequenito tem uma predileção impressionante pelo youtube, mas como agora no inverno passa lá umas valentes horas, já se fartou de procurar coisas em português e vira-se mais para os estrangeiros. Ele é o pocoyo em italiano, a galinha pintadinha em espanhol, a porquinha pepa em português do Brasil. De maneiras que ando para aqui com umas melodias a martelar-me irritantantemente a cabeça.

La gallina usa falda y el gallo un reloj
Não te comprei nada para te dar amanhã.
Não faz mal, também não tenho prenda para ti.

24h depois...


Aproveitei a ida às compras para te trazer este miminho de São Valentim.
♀ ?
E já que estava com a mão na massa, trouxe também este jogo para me ofereceres.
♀ Ah!

Estes gajos românticos são tão melosos...

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Ahhhh!... Sábado!... Vou sentar-me aqui um bocadi... Ah! Tenho que tratar do postal de anos da amiguinha do João antes que me esqueça.

Ahhhh!... Sábado!... Vou sentar-me aqui um bocadi... Ah! Tenho que fazer sopa, que acabou ontem.

Ahhhh!... Sábado!... Vou sentar-me aqui um bocadi... Olha! A fralda do miúdo estava mal posta e o chichi saiu todo. É preciso mudar a cama. Onde é que estão os lençóis?

Ahhhh!... Sábado!... Vou sentar-me aqui um bocadi... Ah! Tenho os testes de 12º para corrigir.

Ahhhh!... Sábado!... Vou sentar-me aqui um bocadi... Ah! Está na hora de preparar o almoço...

Ahhhh!... Sábado!... Foda-se!


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Miúdos fixolas

Então, João, diz-me lá com quem és parecido.

João olha para o pai. João olha para a mãe. João prevê desilusão. João exibe olhar reflexivo.

-Com o meu mano!

João sai triunfante.

Que a minha vergonha vos sirva de lição!

Cuidado com o que é dito aquando da filmagem de cenas giras dos vossos miúdos. Isso ou façam muito barulho quando estão a mostrá-las às pessoas.

Não tendes de quê.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Acarices

Mandei as carpetes para a lavandaria. Chegaram ontem e já foram outra vez. Vinham com um recadito: manchas, descoloração, fios puxados, nódoas. Desconfio que as lavandarias agrafam estas cenas a tudo o que lá vai parar para garantirem que não têm que reembolsar por estragos, porque estava exatamente como saiu daqui: nada de manchas, nem descoloração, nem fios puxados. Exatamente como saiu daqui. E-xa-ta-men-te. Por isso risquei o amável texto emoldurado entre agrafos e acrescentei ao papel, por cima de "manchas" cabelos, por cima de "descoloração" pó, por cima de "fios puxados" grãos de areia e, por cima de "nódoas" muitas. "Lavar desta vez. Mesmo."


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Já vomitamos Taylor Swift e Meghan Trainor pelo olhos cá em casa. Mas o Pedro é um ás em locking. E ouvi-lo a cantar "booty booty" no refrão? Demaaaaais!

Haja alguém com juízo nesta casa

O João entrou na sala quando estava a começar a ver o Robocop. Deu meia volta e tapou os olhos enquanto se desviava para a cozinha. De lá gritou:
Mamãããããã! Desliga! Vou entrar na sala e isso não é para a minha idade! Olha a bolinha vermelhaaaaaaa!

Afinidade materno-coiso

Falava há dias com uma amiga sobre ter mais do que um filho. A conversa acabou por bater no tema do costume: como a nossa vida mudou desde que nasceram crianças nas nossas casas. Conhecemo-nos de outros tempos - de quando chegávamos a casa e íamos dar uma corridinha juntas, a pensar já na alheira que íamos mandar abaixo ao jantar e de quando escolher o hidrantante depois do banho era o momento mais stressante do dia. Agora? Chegar à casa de banho e conseguir efetivamente tomar banho já é um martírio. E a conversa desenrolou-se. 
Outro filho? E as madrugadas passadas a ver canais de criança na TV?
Outro filho? E e as olheiras de manhã?
Outro filho? E os cabelos brancos?
Outro filho? E o já não querer saber se aquela roupa nos vai ficar bem ou mal?
Outro filho? E o querer lavar a loiça toda à mão só para estar ali um bocado sossegada?
Outro filho? E o ir às compras que se transforma num autêntico SPA?
Outro filho? E o sossego que é passar a ferro?
Outro filho?  E sair de casa com dois sapatos diferentes?
Entretanto eram horas de os ir pôr na cama e o resto da conversa ficou para outro dia.
Verdade verdadinha é que, quando me apanhei ali, no meio dos dois, a contar a história do oó, as madrugadas, as olheiras, as brancas, os disparates e a agitação só me deram vontade de rir. Ou era do cansaço.