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terça-feira, 2 de junho de 2020

A aliança

Já cá faltavam os diários diz-me lá outra vez da pandemia, não é? 

Pois claro.

Tenho o hábito de tirar a aliança quando faço carne picada para a moldar em hambúrgueres ou almôndegas. Pouso-a em cima do microondas por achar que é um sítio seguro. Ora, chega sempre aquele dia em que nos desafiamos e achamos que pode correr mal mas não vai com certeza, quase de certeza, à partida, não daquela vez. E pousei-a em cima da toalha na mesa.

Fiz o que tinha a fazer. Jantamos. Arrumamos a cozinha. Quando a minha mão ia a caminho do interruptor da luz para dar o dia por terminado, dei pela falta. Segura, dirigi-me ao microondas. De lá, os meus olhos desviaram-se para a mesa, já despida, e foi então que o vi a regressar da varanda com a tolha na mão. Já sacudiste a toalha? Já. E aspiraste as migalhas? Não. Como não tinha migalhas, fui só sacudir qualquer pó que lá estivesse à varanda. 

Já não saímos de casa há dois meses. Era noite cerrada. Chovia tanto, coitado.

Enfim, só para dizer que uma aliança ondulada tem o seu encanto.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Durante o confinamento, o miúdo disse-me que a única coisa de que sentia saudades da vida normal  eram os almoços com a mãe a meio da semana. Caramba.