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sexta-feira, 31 de julho de 2015

Pequenino, pepino e mais não sei o quê

Claro que ajuda dar-lhes a conhecer livros desde pequenitos, embora eu não acredite que miraculosamente exista mais tarde uma leitura por prazer se não houver realmente gosto nisso. 
Por cá habituamos os nossos desde bebés. Há dez prateleiras de livros infantis na sala em regime de pronto-a-usar. Para lhes dar uma mãozinha, vou deixando em cima da cama, sempre que lembro, um livro diferente e nunca vou encontrá-lo o mesmo sítio. 

Este já foi o preferido do João quando tinha a idade do irmão e agora faz as delícias do Pedro. É o livro da semana:




O início do primeiro ciclo traz realmente uma mudança radical às nossas vidas. Como é possível que as crianças se tornem tão independentes e já não seja preciso, numa questão de poucos meses, estarmos a ler-lhes tudo quanto são legendas e anúncios publicitários, títulos de livros e instruções de jogos?
O João até já tem um livro de cabeceira!! Não é fácil pôr os miúdos a ler, mas, se fizermos a opções certas, podemos ficar surpreendidos.


A coisa que mais irrita o pai, além da minha evidente desorganização computacional, se é que lhe podemos chamar isto, é chegar a algum sítio, especialmente ao shopping, e ter que me segurar na carteira. Então agora que as quero maiores para carregar a casa toda é que ele afina. Eu bem tento disfarçar o riso, mas às vezes não consigo e lá o enervo mais ainda. Não é por mal e, às vezes, quando brinco e lhe digo que está todo a fazer pendant, até acha piada mas, pelo sim pelo não, atira-me logo a carteira para os braços não vá alguém vê-lo naquelas figurinhas. 

Para consertar este mal, tenho que o levar mais vezes a passar à porta da zara, para que possa observar a tão expansiva espécie de homens que aguardam pacientemente as suas respetivas enquanto experimentam mil e uma peças que não vão levar de forma alguma para casa. Eu sei, eu sei, eles vão deitando o olho a quem passa, mas entre uma deitadela de olho e outra bufam que se fartam.

A pólvora

O João nunca fez grandes birras. Ou ter-me-ei eu já esquecido delas? Bom, não me ficaram na memória, o que não é mau de todo. Já o Pedro, bem, o Pedro conseguiu ser o rei das birras por estes lados. Tentei de tudo para as evitar, resolver, encurtar, diminuir, enfim, de tudo. Só uma coisa funcionou de verdade: os abraços. Sempre que previa que vinha de lá uma birra daquelas a valer, deixa-o chegar a um ponto de maior irritação e depois ajoelhava-me, com um sorriso nos lábios, cantarolava dentro da minha cabeça uma panpipes qualquer - quanto mais ridícula melhor - e abraçava-o. Se tentasse soltar-se, apertava com mais suavidade mas nunca largando e dizia a mamã gosta mesmo de ti, até assim, no cúmulo das birras. Aquilo desconcertava o miúdo de tal maneira que a birra acabava por se consumir a ela mesma e ele ficava a olhar para mim com ar de a-minha-mãe--coitada--é-mesmo-doida-ou-estará-só-a-fingir-?. Este é um olhar que muito aprecio nos meus filhos. 

É o chamado descobrir a pólvora.
E mandá-la pelos ares.

Um ditador qualquer...

Já acabei o bolo para o meu pai. Queres rapar a taça da massa?
Quero, deixa aí que já vou.


Então? A massa estava boa?
Estava muito boa.
Como é que limpaste aquilo tudo? Estava como se tivesse sido lavada!
Foi com o napoleão.
Com o quê?
Com o napoleão.
Não terá sido com o salazar?
Isso.





segunda-feira, 27 de julho de 2015

O que eu gosto de um bom corretor ortográfico!

Enviei uma mensagem a uma amiga para saber se já tinho ido de férias. Respondeu que não, que agora já se lavava.

?!? Estranho!...

Fui ver a mensagem que lhe mandei e era isto

"Então, Fulaninha de Tal, já foste ou ainda andas por cá?"

só que sem o último acento e sem espaço entre essa palavra e a anterior.

Ups.

Não sou capaz de manter amizades.

sábado, 25 de julho de 2015

Aqui vai mais um elogio

Uma gaja farta-se de ver roupa suja no chão ao lado da banheira. Uma gaja reclama. Uma gaja ouve, vezes sem conta, que o cesto está longe e que é fácil esquecer-se da roupa ali. Pois, uma gaja compreende: afinal uma gaja sabe que tem um casa de vários hectares e custa muito chegar ao cesto da roupa para lavar que está na lavandaria, ao lado da máquina que, incrivelmente, lava a roupa suja. Uma gaja compra, então, um outro cesto e coloca-o ao lado da banheira precisamente no sítio onde costuma estar a roupa no chão. Uma gaja vai encontrar todos os dias a roupa suja no cesto, só que não é lá dentro. É em cima. Uma gaja compreende que seja cansativo levantar uma tampa e atirar com a roupa lá para dentro. É uma estafa. Modos que uma gaja fica farta. Uma gaja recorda que tem uma amiga cujo homem, certo dia, chegou a casa para encontrar um urinol novinho em folha acabado de instalar no wc e ao qual foi dito amigo, a partir de hoje esta área é tua, mija à volta, salpica a pastilha, consporca o chão à tua vontade: és tu que limpas e uma gaja sente vontade de deixar crescer uns tomates assim e comprar um cesto da roupa suja com rodinhas. E altifalante. E sistema fácil de abertura de tampa.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O poder de uma vírgula

Não tens mesmo nada de bom para dizer de mim lá no blog?
Claro que tenho, mas isso estragaria tudo.
É indecente.
Posso oferecer-te uma contrapartida: vais lá e escreves sobre os meus defeitos.
Não, obrigado.
Mas podes cascar-me à vontade! É uma grande oportunidade!
Não quero.
Vá lá... Só quero que me garantas que dizes mal de mim mas com amor.
Não consigo.
Não consegues o quê? Dizer mal de mim ou falar de mim com amor.
...



Silêncio sacana.
Silêncio, sacana.



quarta-feira, 22 de julho de 2015

Cheguei agora do dentista. Venho com três dúvidas que me consumiram ao som da broca:
1ª A quem recorre um dentista quando tem que tratar os dentes? Em quem confia como em si próprio para entregar assim a sua preciosa boquinha? E, já agora, uma ginecologista? E será que já alguém tentou autoauscultar-se?
2ª Parece-me que já esgotei as três dúvidas, mas aqui vai mais uma: à pergunta constante e atenciosa está tudo bem? e uma vez que me apanhava sempre de boca aberta, como será que um dentista distingue o aaahhh de sim, tudo ok do aaahhh de pára, porra?
3ª Já que estou a abusar, cá vai outra: será que sou só eu que entro em pânico quando a assistente se afasta do tubo sugador de saliva por mais de vinte segundos?
Até admira não teres vindo cá dizer nada sobre a Carbonero. 
Admira, porque não sabem esperar.

Agora já estou em condições de vir cá dar a minha opinião. É que estava cheia de pena da rapariga. Ai o Porto é uma nheca e eu não quero ir biber para lá. Ó pra ela já com o sotaque, não é? Pois! 
Ninguém, mas ninguém, devia ser capaz de passar por esta vida sem saber o que é um basilháme.

Azedume

Há uns tempos comprei um candeeiro novo para a cozinha. Foi difícil, já lá estava um, que servia perfeitamente, mas eu ia na rua e vi-o. O amor à primeira vista é tramado, então quando vem aumentado pelo vidro de uma montra!!...
Lá o trouxe comigo. Custou-me muuuuuito arrumar o outro. Sou uma agarrada. Mas tive coragem e substituí-o. 
Com o novo comprei também uma lâmpada muito linda (sim, há lâmpadas muitos lindas e outras que são autênticas aventesmas, ninguém lhes pega), que não cabia no candeeiro. Nada a ver com a rosca, o bolbo é que era mesmo demasiado grande para o buraco. É, tanta coisa gira que podia ser dita agora, mas estou demasiado azedada para isso. Tenham paciência comigo.
Toca a procurar outras que lá coubessem com as características necessárias. Tarefa árdua, digo-vos! Ora era demasiado fraquinha, ora era de luz quente, ora era feiosa. Ontem consegui encontrar o que queria. Consegui! Só que cheguei tão tarde a casa que só hoje foi possível colocá-la no sítio. Olhei para ela, ali, tão perfeita e sorri. Toquei com o dedo no interruptor e acendi a luz. Foi nesse preciso momento que a p*t* fundiu.
Amores à primeira vista? C*gu*m lá nisso!
Sou só eu que acho muito pouco adequada a expressão "oh, bolas! Ocorreu um erro ao carregar a página"?
Que merda de palavreado vem a ser este, pá? Chromos!

domingo, 19 de julho de 2015

A única semelhança entre a amamentação da primeira viagem e a da segunda é o pai desta casa a dizer constantemente que tem é pena que fábrica não produza cerveja.
Tenho poejo dos Alares! Tenho poejo dos Alares! Na na na na na naaa! Vou fazer um gaspacho um condiçõõõões! Na na na na na naaaa... Quem mais diz é quem mais éé... (som da língua de fora)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O problema da mãe dos meus filhos é ser demasiado infantil para eles. 
Por exemplo, o João está a estudar matemática comigo e não consigo pensar noutra coisa que não seja

Para  e mais além!...

Teoria da evolução

Os desenhos animados que os meus filhos escolhem ver vêm sempre acompanhados por formas de estar diferentes.
Quando é altura do Noddy, abundam os gugudadas.
Segue-se o Ruca e os mamãdácolinhos.
Depois aparece o Mickey e os constantes quéitoquéaquilos.
O Tom e o Jerry trazem os nãoquéitonemquéaquilos.
Entretanto já o Jake invadiu a casa e veio acompanhado de muitos nãoqueroveressecanalqueissoédebebés.
O Gumball aparece por todo o lado com os recorrentes nãoestouemcimadamesadejantaretambémnãoacabeidedestruirumasmolasdosofás.
Finalmente surgem os Teen Titans e só se ouve os ohmantusóinventas. Ah! E claro, quando a mãe se põe a olhar embasbacada de amor, como aliás já faz desde os tempos do Noddy, leva com os sim,oqueéquefois na benta. Toma lá evolucionismo, Darwin.




To be continued...

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Há quem se queixe que o pai é aqui muito maltratado. O próprio diz que não vale achincalhar a torto e a direito apenas porque acho que é engraçado. Reconheço que têm todos razão e venho cá hoje redimir-me e fazer um grande elogio. 

Esta Mãe - O próximo a ir à garagem tem que trazer  leite que já acabou.
Pai Achincalhado - Sim...

EM - Vais à garagem?
PA - Vou.
EM - Traz leite .
PA - Hummm...

EM - Já foste à garagem?
PA - Não, vou agora.
EM - Não te esqueças de trazer leite.
PA -  Aha.

Antes de fechar a porta
EM - Levas o lixo? Não te esqueças do leite!
PA - Tá bem...

No dia seguinte
PA - Vou fazer o pequeno-almoço dos miúdos...
         Não há leeeiiiiite!?!
EM - Eu disse-te para trazeres ontem.
PA - Disseste? Não disseste nada! Caraças, agora vou ter que ir à garagem! Podias ter avisado!


Fica o elogio possível.









Numa loja de brinquedos, entre bisnagas e piscininhas insufláveis, encontrei um brinquedo cujo slogan era para as crianças se molharem. Nem prestei muita atenção a que raio de brinquedo seria aquele, não preciso de gastar dinheiro com isso. Basta-me deixar a porta da casa de banho aberta.

sábado, 11 de julho de 2015

Parabéns, Pedrinho!!!!!



Três. Caramba! Três anos... Já quase não me cabe no colo. Tem piada que ainda corra para ele já quase não cabendo lá. É uma montanha de carinho este menino. E de sorrisos e carícias. Também é um vulcão de alegria e efusividade. É um carrossel o Pedrinho.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Então, João, já tens a prenda do mano pronta para amanhã?
Já.
E o que é que lhe vais dar? Brinquedos?
Isso já vocês dão.
Livros? Jogos?
Não!
Então?
Vou dar-lhe um papel com um desenho do nosso abraço.



À porta do MacDonald's há sempre muita gente... e às vezes há cocó.

Cuidado aí, João! Não calques, filho.
Ui, que nojo!
Pois é. É uma porcaria. Quem será que fez isso?
Se calhar foi um cão.
Se calhar foi.

Ou um cavalo.
Sim, também pode ter sido.
Ou um boi. Pelo tamanho foi um boi.
Isso também é possível.
Ou uma vaca cheia de maminhas. Assim como tu, mamã.

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Oh pá oh pá oh pá

É mesmo verdade que agora existe uma modalidade nos ginásios chamada piloxing? Hahahahahahaha!!!!!...
Quero cá saber que seja um misto de pilates e boxe. Eu quero é saber quais são os equipamentos utilizados nisto!
Hahahahahahaha!!!!!...
Esse teu urbanohortocoiso serve para quê mesmo?



Ora bem, lá vêm vocês com perguntas giras. Serve para muita coisa! Para dar sabor aos cozinhad..., para embelezar a varan..., para ...

Serve para mariquices.


terça-feira, 7 de julho de 2015

A vida é como uma cama com lençóis pequenos: ora tira de um lado, ora dá a mais do outro.
Então e tu? Usas lingerie sexy?

Que raio de pergunta! Claro que sim!



Fazem-me cada pergunta aqui!

Esta é a mais provocadora que tenho. 


O que foi? Tem renda!

E o decote até é bastante profundo!

O que foi?




Não, não passo camisas de dormir a ferro. 


Fiquei a pensar que se calhar o meu pijama da Formiga Atómica servia para o mesmo efeito. As calças são bastante justinhas.

Sensualidade vintage. 

O que foi?
Os homens são todos assim ou é só cá em casa? Aspirar implica voltar a por tudo no sítio quando se termina, certo? É que por aqui, depois de concluída esta tarefa, parece que passou cá um furacão. Tudo espalhado! Um vendaval!
O pior é que, segundo dizem os entendidos, não podemos apontar-lhes nadinha. Querem ser valorizados e ter a sensação de que os achamos competentes em tudo. Sempre que lhes dizemos que fizeram alguma coisa mal ou que nos queixamos de algo, a auto-estima mirra-se-lhes e ficam de mau-humor para o resto do dia.

Bem, vou arrumar os poufs e as cadeiras e os brinquedos e as caixas e os cestos. Sem criticar. Trombas já chegam as minhas.
Tenho que admitir que ter vivido até agora sem conhecer a manteiga das Marinhas é muito reles.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Ontem à noite estivemos sem eletricidade durante um par de horas. Pensei logo que seria uma chatice entreter os miúdos assim, mas fiquei surpreendida com o resultado. Fomos todos para o quarto, estivemos ali às escuras a contar histórias engraçadas e a ver passar, ao longe, as luzes dos aviões. Acabamos por adormecer e nem sei a que horas voltamos a ter luz.

Foi tão mágico que acho que vou mandar aquele quadro abaixo uma vez por semana.
Ando tão contente com a minha horta de varanda que até parece que vou conseguir mantê-la quando acabar o verão! Gosto destas ilusões. Deixo-me levar pelas maravilhas do calor, dos pratos picantes de verão, dos raios de luz a bater nas folhas verdejantes e pumba: peço ervas aromáticas como prenda de anos para completar a minha hortinha.
Mas estou mesmo convicta que vou conseguir levá-la avante. Nem que seja só para tratar dos sorrisos irónicos que me observam enquanto passo de regador na mão a caminho da varanda. A malta precisa de motivação, não é? Há quem o faça por gostar de comida mais saborosa, quem queira só provar que é capaz, quem pretenda vingar-se de sorrisos parvos. Ter uma horta urbana tem disto tudo. E tem também o benefício de estar a preparar couscous com tamboril e ir só ali à varanda colher umas ervinhas.
Estou entusiasmada. Temo que terei folhinhas para acariciar durante muito tempo. Estou tão certa disto como de saber que melocotón é pêssego em espanhol por causa das latas que trazíamos de Vigo quando era miúda.

É pêssego, certo?

Pelo menos era o que dizia nas latas.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Feng shui o meu... rabinho!

Ai não sei quê o espaço, ai não sei que mais a influência, ai ainda por cima o nosso bem-estar. O tanas! Sempre que penso que está tudo alinhado, lá me aparecem todos na casa de banho para acertar agulhas sobre qualquer coisa sem interesse nenhum. E esperar que eu acabe, não?

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Se tenho o que gostaria de ter aos 37 anos?

Tenho a imagem dos meus filhos a rasgar-me a córnea todos os dias e a infiltrar-se no mais profundo de mim. Sinto-lhes o cheiro quando lhes roubo beijos à socapa à noite e lhes sinto o perfume da respiração no meu ouvido sempre que contam o segredo mãe, gosto tanto de ti. E os abraços? Ai, os abraços... Aquele aperto que é bom mas chega a doer de tão sentido que é.

Desenvolvi, ao longo destes últimos anos, uma saliva que limpa chocolate seco da cara, do cabelo e da t-shirt e beijos que curam.

Nada me dá mais gozo do que jantar de joelhos uma vez por semana, em frente à televisão, numa mesinha pequena para crianças do ikea, a apertar cotovelos uns contra os outros.

Tenho a sorte de estar numa família que é tão minha e de eu ser tão um-bocadinho-de-cada-um-deles. De estar rodeada de pessoas que são capazes de um amor e de uma dedicação de conto de fadas.

Ganhei a força para fazer só o que gosto: já não há lugar para muitos fretes aos 37 anos. Saem disparates, entram asneiradas, mas consegui transformar-me numa espécie de trituradora que transforma mágoas em sorrisos imaculados. Demorei a construir, mas só assim foi possível aprimorar as lâminas. Lâminas de serenidade.


Se tenho o que gostaria de ter aos 37 anos?
Nem por isso. Falta tudo o resto. Mas está bom assim por enquanto.
Estou quase apta a poder dizer "No meu tempo..."