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sábado, 18 de maio de 2013

cinturinha de vespa

Um dia destes, a senhora que cá vem fazer umas limpezas (e obrigar-me a arrumar a casa toda porque "isto aqui assim não me dá jeito nenhum para limpar" e "a roupa ali estendida atrapalha-me os movimentos") e que me deixa a casa num brinco, circulava com o à-vontade que lhe é caraterístico quando entra no quarto e me apanha, digamos, descascada. Eu dei meia volta, à espera que a senhora fizesse o mesmo. Quando me volto novamente, tenho dois olhos fixos nas minhas coxas, perto de mim, muito perto, perto demais.
A menina não tem ponta de celulite! Ai, mas que belas pernas! Nem se nota que acabou de ter um filho! E que já vai no segundo! Sim, senhora! Assim sim! Quem me dera ter essas pernas! (Lembrem-me de conviver mais com malta desta acima das 5 dioptrias).
Entretanto eu tentava tapar algumas partes, antes que se lembrasse de expandir a pesquisa!
Eu faço parte daqueles 10%  de mulheres com anca estreita. O facto de não ter aspeto de boa parideira torna-se enganador para muita gente. Recordo com carinho o dia em que fui comprar o vestido para o baile de finalistas do 12º ano. 
Experimente este S! Vai-lhe cair tão bem! 
Olhe que isso não me serve! 
Então não serve? Oh, que disparate! É tão magrinha! Experimente! À minha responsabilidade! Vai ver que me vai dar razão!

E tirar o vestido? Pois! Levei outro, que me servia, e aquele ficou lá, todo deformado.

Ultimamente voltou a acontecer. Ia comprar roupa para os garotos, mas cairam-me os olhos numa camisa.
Só tem o S?
Só.
É pena, gosto mesmo dela.
Mas esta serve-lhe!
Oh, senhora, não menospreze o poder de uma mulher que amamenta!
Garanto-lhe que lhe serve! Experimente!
Está bem, se insiste...

Saí da loja com dois sacos de roupa de criança, depois de três botões da camisa terem disparado em direção à testa rapariga. Dois acertaram.

Quem é amiga, quem é? #3

Nestes últimos dias não se tem podido confiar lá muito no meu juízo. São muitas as vezes em que chego a uma divisão e já não sei ao que ia, o que inclui enganar-me sistematicamente na turma, na sala e, para gáudio dos meus alunos, no pavilhão. Quando já estou quase a chegar ao C, lá vai um grupinho entre risadas buscar-me para o sítio certo - do outro lado da escola. Pareço um cãozinho perdido, mas sem faro. E sem norte. Mas com muito, muito sono. E menos pelos do que o tal cãozinho. E entretanto sinto que me estou novamente a perder. 
Este cansaço deve-se, sem sombra de dúvida às últimas noites, perdão, às noites dos últimos meses, mas também ao facto de eu não ser capaz de parar de pensar. 
Ora, estava eu a preparar estes cupqueques que vemos lá em cima, quando se me assoma a ideia de fazê-los todos diferentes. Daqui foi um instantinho para pensar no quão diferentes os meus filhos são. Depois de ler isto, que confirmo agora que sou mãe de dois, comecei a pensar no que faço diferente agora com o Pedro em relação ao que fiz com o João quando era bebé. As solicitações são a dobrar, vou atendendo ao que me parece mais urgente, sendo que a dor está sempre primeiro, logo a seguir vem a fome e depois o sono. O resto, vai-se fazendo. Claro que não consigo dar ao Pedro a atenção que dava ao João (o que até é benéfico para o miúdo, que eu sou uma pessoa sufocante, admito), o que não raras vezes me causa problemas de consciência (quem quero eu enganar? tenho problemas de consciência a todas as horas do dia, mesmo sabendo que estou a fazer tudo o que posso e indubitavelmente o meu melhor). Estou, também, a tentar corrigir alguns erros que cometi da primeira vez. Por exemplo: dei muito colo ao João. Agora estou a tentar dar ainda mais ao irmão. Sim, colo para adormecer. Ai que isso é um vício tão mau. Olha que pena! Não fumo, não bebo, não jogo. Sinto-me no direito a um viciozito, está bem? Sim, que o vício é muito mais meu do que do miúdo! Troco o uso do voador ou andarilho, chamem-lhe o que quiserem, que, na minha opinião, é bem pior, pelo colo que nos sabe tão bem aos dois. E por muitos beijinhos e abracinhos e festinhas e cucutatas e tivesse eu mais tempo para outras coisas.
Tudo quanto fiz com o João que me parece mimo, viciado ou não, estou a replicar, preferencialmente em maiores quantidades. E bico calado! Eu é que sei! A mãe sou eu! E são as minhas costas que doem! E os muffins estavam uma delícia!




Depois de escrever este post, fui às compras. Foi interessante entrar no Continente com um crocodilo de borracha debaixo do braço em vez da carteira. O sacana do crocodilo tem pelo menos 60 cm! Fora a cauda!  

domingo, 12 de maio de 2013

Diz-me lá outra vez qual é a gaveta dos bodies #4

Amanhã podíamos ir dar uma volta. Está tão bom tempo.
Acho que sim. Os miúdos têm que sair de casa (e eu também...)
Temos é que sair cedo. Custa-me, já que tens andado a dormir mal.
Não faz mal. É pelos meninos.

6h50m 
Desisto de tentar dormir e levanto-me. Sempre com o Pedrito ao colo, dou-lhe o pequeno-almoço. Preparo-lhe sopa, fruta, mudas de roupa para levar. Arranjo também o saco do João e o lanche. Deixo a roupa dos dois em cima das camas. Volto à cozinha porque me esqueci dos iogurtes. 

10h30m
Continuo a ouvir o ressonar. Começo a fazer barulho a ver se acordam. Finalmente passo-lhe o bebé e vou comer. Visto o João, visto o bebé. Só falta guardar a sopa na termos e arranjar-me.

10h45m
Passo por ele a toda a velocidade a caminho do quarto. Está especado ao lado dos sacos que estão todos prontos à porta de casa. 
Veste-te depressa. Se não nos despacharmos nem vale a pena sairmos de casa.

Cada vez mais gosto desta primeira pessoa do plural.
Se não nos tivessemos levantado de madrugada e se não tivessemos preparado tudo, não tínhamos saído de casa antes da 11 da manhã.



sexta-feira, 10 de maio de 2013

De onde esta veio, há mais!

Many hands make light work. 

ou, traduzido pelos meus disneyófilos do final da tarde,

O Manny Mãozinhas faz trabalhos com luzes.

domingo, 5 de maio de 2013

A propósito da sopa

Sempre foi difícil dar sopa ao João. Hoje já a come bem. Contrariado, é certo, mas sabe que é uma obrigação, como outras. Já só diz uma vez por refeição que não quer sopa. É-lhe permitido dar opiniões sobre a sopa e ir manifestando que não gosta. Mas come-a toda. Claro que há dias em que precisa de algum alento e lá vêm os croutonzitos animar a festa. E a minha colher velhinha da Cerelac!



Longe iam os carnavais de um a cantar, outro a dançar, um terceiro a fazer cucutata e mais um a mostrar  brinquedos enquanto outro tentava a todo o custo vislumbrar a boquinha aberta para enfiar a tempo uma colher de sopa lá dentro. Normalmente essa colher voltava a sair inteirinha, muitas vezes para o meu cabelo, roupa acaba de vestir e arredores. Longe iam esses carnavais. Iam!! Porque o Pedro está a repetir a gracinha do mano mais velho e quatro anos depois a minha resistência não é a mesma. Pior ainda! Os carnavais não funcionam, porque este menino consegue dar umas boas gargalhadas às brincadeiras e aflição de quem o rodeia, mas de boca bem fechada! São horas, ho-ras para lhe dar a sopa. Já troquei de legumes, já troquei de peixe, de troquei de carne, já troquei de colher, já troquei de prato, já troquei de cadeira, já troquei de casa (já tentei na rua), já troquei de brinquedos, já troquei de música, já troquei de pessoa. Não abre a boca. Só aconteceu quando começou a comer a comer sopa duas vezes ao dia. Até lá a hora da refeição era pacífica. Estou cá a pensar experimentar também com os croutons. Ou a famosa sopa verde, já que é tão querida cá em casa!! (anda uma mãe a esfalfar-se para passar tempo precioso com o filho e depois quem leva os louros é a sopa alheia! Tssss!)





sexta-feira, 3 de maio de 2013

Preciso de desabafar

Hoje foi a festa do Dia da Mãe na escola do João. A educadora confidenciou-me que fez um breve questionário para compor depois as mensagens. O João não gosta de questionários. O João não presta atenção a questionários. Li alguns postais que as mamãs embevecidas me mostraram. A mamã passeia comigo. A mamã conta-me histórias para adormecer. A mamã dá-me colinho. A mamã conduz muito bem. A mamã é linda. A mamã ama-me muito e eu também a amo muito. O postal do João dizia o que a mamã faz que eu mais gosto é sopa verde.

O João não gosta de sopa. 
O João não gosta de sopa verde.

Eu não faço sopa verde para o João. 

Eu faço muitas coisas com o João e para o João.

Quem faz sopa verde para o João é a minha sogra.

Hoje estou amuada.