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sábado, 28 de janeiro de 2017

Não percebo. Estou a fazer tudo bem. Por que é que não resulta?

Continuo a achar que sou, todos os dias, assaltada por banners que nada acrescentam à minha vida e ao meu bem-estar. Desconfio, aliás, que quem lhes chamou banner tinha mesmo em mente a alusão ao Bruce. Aquele. O verdinho. É que estes artigos fazem um bruto smash aos meus momentos de WC de paz.

"O segredo para estar sempre linda - "10 hábitos para ter uma pele radiante"

1. Periodicamente, esfolie a pele do seu corpo. 
Ora bem, já aqui falamos sobre isso. Eu cá sigo esta regra mas é mais na altura da praia, quando sou atacada pelos brinco com os meus filhos no areal. Diz que a água do mar também faz muito bem e aquilo, misturado com areia, esfolia de caraças. Garante-o o meu bronzeado esfarrapado.

2. Cuide da sua pele todas as manhãs.
Pois, com certeza. Mas é antes ou depois de tratar da roupa, de fazer dos lanches, de adiantar as refeições, de verificar as mochilas e de sair de casa com os bofes de fora? Ah! Tenho que me levantar de madrugada depois de andar a saltar de cama em cama a verificar febres e a curar pesadelos? É para já!

3. A cada 15 dias, prepare uma máscara de gelatina.
E eu preparo! Também faz efeito internamente?
4. Todas as noites, limpe o rosto com tónico.
Mais uma vez: e eu faço-o! Mas repito a pergunta: também faz efeito por dentro? E devo prepará-lo com ou sem rodela de lima?
5. Beba muita água.
Vide questão anterior.
6. Livre-se do stress.
Ahahahahahahahahahahahahah! 
7. Retire sempre a maquilhagem.
 Ou empaste-se com ela! Não era para estar sempre linda e ter uma pele radiante?
8. Exercite-se.
Lá está. Já refleti sobre isso no ponto dois.

9. Periodicamente, aplique uma máscara de abacate.
 Adoro! Mas continuo a questionar se estas coisas funcionam como máscara quando ingeridas.

10. Durma o suficiente.
Vou repetir-me: Ahahahahahahahahahahahahah!


sábado, 21 de janeiro de 2017

Só se estraga uma casa

Fulaninho de Tal - Hoje não posso fazer a aula, professor. Tenho uma unha encravada.

Pai-destas-crianças - OK.

Beltraninho de Tal - Não vai verificar, professor?

Pai-destas-crianças - Verificar o quê?

Beltraninho de Tal - Então... verificar se o meu colega tem realmente uma unha encravada!!

Pai-destas-crianças - Não. Prefiro confiar. Já viste se ele me dizia que não ia fazer a aula porque tinha hemorróidas!?!

"Como assim o teu filho de quatro anos trata da roupa?"

Pensei que tínhamos ficado esclarecidos.


Herança

Acabo de receber um telefonema da minha mãe.

Obrigada, filha, pela canja que deixaste, com o recado, para mim. Senti-me pequenina outra vez. É igual à da Avó.


Isto é, seguramente, a coisa mais importante que a minha mãe me disse em toda a minha vida. Estou em lágrimas.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Tenho uma sorte tremenda. Há quase quatro décadas, nasceram, para mim, os Avós. Os mais dedicados. Prestadores de colo com total abnegação. De um amor que sempre foi, em momentos bons e menos bons, um ensinamento para a toda a vida. Como costumo dizer, aprende-se a amar sendo amado. Foram os Avós que nos ensinaram a amar. Experimentando, fomos aprendendo. Sem exigências, sem esperarem retorno, dedicaram-se aos netos e dedicaram-lhes todo o tempo que tiveram. Tempo precioso.

Tenho uma sorte tremenda. Há quase quatro décadas, nasceram, para mim, os Pais. Os Pais são competentes em tudo o que fazem, mas em nada são mais capazes do que nisto de serem pais. Foi sempre assim. Em sorrisos e lágrimas, em borboletas na barriga e brilho no olhar, é por eles que procuro quando olho em redor à procura de sorrisos para pousar o meu, de lágrimas para juntar às minhas, de borboletas para dançar na barriga e de luz para me guiar. Vamo-nos erguendo, sucessivamente, juntos. Agora, já mãe, os Pais nasceram também, como Avós, para os meus filhos. Estou tranquila porque sei que, daqui a uns trinta anos, o João e o Pedro saberão que têm uma sorte tremenda. Sei que reconhecerão o Amor onde quer que o vejam, porque sabem o que é. Estão a aprendê-lo. 

Todos os dias, 
                                   
                                    todos    os    dias, 

                                                                     o Avô vem buscar os meninos para os levar à escola. Não é necessário, está sempre gente em casa, tenho um horário que me permite levá-los, com calma, a pé, sem confusão, sem pressas, sem nervos, todos os dias. Mas o Avô está cá sempre para os levar. Quer estar presente, quer fazer parte, quer construir memórias, quer dar colo. Com total abnegação. Não cobra de volta. Tem, mas não cobra. E tem porque está a desempenhar bem o seu papel de ensinador de Amor.

Quando eu era da idade dos meus filhos, o meu Avô também me ia levar à escola. Não era preciso.
Todos os dias, 
                                   
                                    todos    os    dias, 

                                                                     o Avô ia levar-me. Levava-me a mochila. Não é preciso, Avô! Mas eu quero. E levava-me a mochila. É esta a imagem que guardo junto das nossas conversas e das amoras que apanhávamos pelo caminho. Agora, é outro o Avô que leva a mochila. As conversas são outras. O Amor é o mesmo. Tal e qual. Daqui a trinta anos, é esta a imagem que os meus filhos terão das manhãs em dias de escola.

Os meus filhos têm uma sorte tremenda.

                               

domingo, 15 de janeiro de 2017

Tantos brinquedos, Pai Natal, e para quê? Afinal, nesta casa destila-se critatividade...

Mãe, gosto de brincar com os raios de sol a entrarem pela janela. Se agitar bem os braços, vê-se aquele pó todo no ar. Então, finjo que sou um gigante malvado e que aquelas partículas de pó são helicópteros da polícia que vou destruindo.


E ando eu feita parva a aspirar o cotão dos cantinhos. Aquilo passa bem por colunas de canhões, não?

Oh não! "Afinal quem é o adulto aqui?" - nova versão

Tínhamos acabado de jantar.

Precisas de ajuda com a louça, mãe?
Não, obrigada, Joãozinho.
Então posso ir jogar Playstation?
Podes, filhote.

À velocidade da luz, o João dirige-se para a sala. Do alto dos seus quatro anitos, o Pedro olha para mim com ar de desaprovação:

O miúdo está mesmo viciado, mamã.