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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

À falta de adamantium

Ah, não sei quê do excesso de TV, não sei que mais de muito tempo de nariz enfiado no tablet e tal. Não há lugar para a imaginação, não se promove a criatividade.
Pois...


Mamã, sabes que me apercebi agora que não tenho máscara nem fato do Wolverine. Vou tratar disso!


É, faz muito mal, faz.

sábado, 29 de agosto de 2015

Quer-me parecer que isto dos "tempos de totó" vai dar rubrica. Quer dizer, não significa que se mantenha assim tanta coi... Espera!...

Isto que de vamos agora aqui falar fica entre nós. A sério.

Antes de mais, quero deixar claro que não tenho intenção de ferir suscetibilidades, até porque eu própria usei vestidos de cintura elástica abaixo do peito até bem tarde.

Há uns anos, numa das escolas por onde andei, para comemorar o 25º aniversário, fez-se um grande arraial. Para a animação foi contratada uma equipa de quase meia dúzia de jovens rapazes. Enquanto montavam os aparelhómetros, eu ensaiava com os miúdos a apresentação que preparáramos durante o terceiro período. Um dos rapazes da equipa de animação passou por mim vindo da carrinha com uma enorme coluna de som. Era um rapaz muito gordinho. Quando li o estampado da t-shirt que tinha vestida, comentei que aquilo é que era ter sentido de humor. Fui olhada com admiração. Expliquei então achava piada ao facto de um rapaz daquela envergadura usar uma t-shirt que dizia 5 tons, isto é, cinco toneladas, five tons. 

Mas, mas... ele é do grupo que vem cantar e a t-shirt diz 5 tons. Tons... de música.



Guardo dos meus tempos de totó a falta de jeito para beber cerveja da garrafa. Não sei como pegar naquilo em condições. Há gajas que o fazem com uma elegância de Vivien Leigh e eu não arranjo maneira de disfarçar a falta de jeito de uma criança de ano e meio a  pegar num copo pela primeira vez.

A ver se arranjo umas daquelas malas antigas que sempre parece menos mal

Que movimento ou estilo podemos invocar para justificar a permanência das malas das férias ali no hall de entrada? É que aquilo está ali já vai para um par de dias e não há maneira de sair de lá. Devo ser uma espécie de Boho mas sem o chic.

Bacances, de Baco, porque me fartei de enfardar Somersby


E era aqui, meus filhos, que os romanos de Conímbriga lavavam as carpetes.



Estou cá com um melão!

Aqui o Mr Miyagi da fruta acha que só ele é que sabe escolher bem. Quando sou eu a ir às compras nunca trago fruta de jeito: é farinhenta, é madura demais, é verde demais, é pequena demais, é demasiado grande, vai apodrecer num instante. Há sempre alguma coisa que não está bem. Quando vamos os dois, como foi o caso, faço questão de ser eu a escolher e a mostrar que não pego na primeira coisa que me aparece, como gosta de dizer. Fui à secção dos melões, observei, voltei a observar, toquei, cheirei, cheirei outra vez e peguei num que me parecia ser perfeito. Foi logo aberto na primeira refeição, para tirar teimas. Docinho que até doía! Sumarento de fazer inveja! Toda eu reluzia. E a cada dentada lançava um hummmm de satisfação. 

Não é que a porra do melão tinha um pedacinho podre debaixo do selo? E quem é que descobriu este pedacinho, quem foi? Grrrrr!...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Capas

Há um sítio ideal para ver a cidade. Ali ao acabar a ponte, onde ainda sentimos o bafejar do rio e o olhar de canto da colina. As casas encavalitadas não deixam ver as ruas entre elas. Querem parecer impenetráveis, as presunçosas. Basófias e cabra à parte, há portinhos escondidos debaixo dos braços das árvores que se espreguiçam margens acima. Há história e mistérios enlaçados nos choupos e nos esteios. Há abraços de gente do coração que me acolheu como em casa. Há penedos. Há saudade.

domingo, 23 de agosto de 2015

Rico menino, orgulho da sua mãe, sempre atento aos pormenores mais importantes

Sabes, mamã, tenho reparado que as sanitas da casa dos avós são sanijato, assim como as da minha escola. Alguns restaurantes têm sanitas sanindusa. Mas as nossas são mais fixes, porque são bellavista. Já dei por mim a pensar que quando vou fazer chichi a sanita diz

Olha, olha, mas que bellavista!

sábado, 22 de agosto de 2015

Silly season

Pois, pois, isto é tudo muito bonito, mas ainda não vi em lado nenhum quem discutisse o que realmente me anda a atormentar: afinal quanto tempo deve durar um pacote de 250g de m&m's na minha mão? Mais importante ainda: ninguém deslindou até agora o sabor misterioso das chiclas gorila crazy. Estou estupefacta! Raio de silly season! Ou antes raio de saison bête!

O niilismo que é tudo

O que mais aprecio nas férias é o despojamento. Sair de casa com quatro chapéus, protetor solar no bolso de trás dos calções e as t-shirts mais frescas que encontrar no armário sacode-me a poeira de um ano inteiro a correr para isto e para aquilo. Gosto deste despir. De ver os meus filhos de pés descalços e de correr atrás deles sem tralhas atrás de mim. Gosto de piscinas nuas, só para nós, de horas livres de compromissos. Não precisamos de almoços tardios. Nós queremos é comer cedo para ir. Ir. Gosto de ir. E depois pousar novamente.




 
 
 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Lembrete: uma prenda de aniversário fixe é ter a sala só para nós.

Hoje o quarteto fantástico foi ao cinema.
Gosto de ter onde pousar. De sentir que pertenço a um sítio e a quem lá está. Mesmo sabendo que não, que sou livre e que escolho, gosto desta sensação de não ter para onde ir por não me sentir assim noutro lado. Hoje pouso no João. Parabéns, filho!

terça-feira, 11 de agosto de 2015

João, o tecnoboy

Mamã, podes dar-me uma ajuda?
Só um bocadinho, filhote! Estou a passar a ferro!
E não podes carregar no pause?

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Estive a arrumar o material escolar do João e encontrei um caderno onde ia rabiscando umas coisitas em casa. Vi, entre outras, umas cópias que foi fazendo. 


Então mas tu pões o teu filho a fazer cópias de textos sobre traques?
Claro. Se quero que fique com uma caligrafia de jeito, tenho que lhe dar tarefas aliciantes. Não me digam que voltaram as perguntas esquisitas.

domingo, 9 de agosto de 2015

Imagine-se o brinquinho que isto anda nos dias de passeio da escola dos meus filhos

Há quem vá às massagens. Quem roa as unhas. Conheço pessoas que papam séries inteiras, filmes seguidos e livros ou revistas. Jornais também servem. Há quem leia blogs. Eu, quando estou ansiosa, limpo a casa. Se alguma coisa não me corre bem, limpo a casa. Se estou à espera de notícias, limpo a casa. Quando há algo que me preocupa, limpo a casa. 


Na viagem de dois dias quando o João foi finalista até os cantinhos ficaram a brilhar!
Da próxima vez que me perguntarem o que é isso de deítico e para que serve, não vou enganar com teorias balofas e definições que estudei nos livros. Agora já sei o que é um deítico: é o caminho mais curto para se deixar uma mãe de sobrolho franzido. 


Quando pergunto

Pedrinho, onde escondeste o comando da televisão?

Pedrinho, que barulho é este, onde estás a mexer?

Pedrinho, onde andas?

Pedrinho, não sei onde está o teu garfo, onde o guardaste?

Onde queres dormir, Pedrinho?



a resposta é invarialvelmente um


 Aqui!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Àquelas memórias que aqui deixei há uns dias juntam-se estas. As que os meus filhos hão de um dia recordar também. O cantar dos grilos ao final da tarde e, depois do render da guarda, o coaxar dos sapos. Os lírios da montanha a sacudirem-se mesmo debaixo do nosso nariz. As estradas que correm ao lado do rio. Os lagos. Os nenúfares! Há nenúfares aqui!! Há estalidos de calor. E colo. Há colo para todos.

Se viram dois rapazes a correr como se fossem loucos corredor do hotel fora até ao elevador que dá acesso à piscina e os pais atrás deles como se fossem loucos mas sem o como se,

somos nós.
As minhas associações de ideias preocupam-me. Ultimamente ainda me têm deixado mais assustada. Por exemplo, liguei o computador mas não havia net. Fui espreitar o modem e reclamei por não estar a funcionar. Foi então que dei por mim a fazer este cruzamento: 





modem talking
Eu cá acho que quando vamos ler uma receita e ela começa com "Segure nos ovos" é muito bom sinal. Não é?

Rorschach

Há quem o faça com nuvens. Nós preferimos as pedras das paredes das tascas.


Olhem, meninos! Aquela pedra parece um sapato!
Nãããã...
Uma bota?
Hummm... No máximo parece uma rampa de skates.
Ok. E aquela? Não parece mesmo um elefante?
Sabem o que me parecem estas pedras todas?
O quê, João?
Pedras.... Posso comer um corneto?

Quando está no topo do entusiasmo, o João informatiza tudo

E eu estava a dar mergulhos e depois fui buscar os óculos e o tubo de snorkel e então esqueci-me que estava a usá-los e fui tocar no fundo da piscina e aquilo deu erro. 


É, meu filho, há downloads assim.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

À noite deito-me entre os dois e ali ficamos até as pestanas serem mais pesadas do que a vontade de brincar. Ontem o Pedro quis mudar de sítio e ficar abraçado ao irmão. Fiquei numa ponta, portanto. Mas assim que o pequenito adormeceu, passei-o para o seu lugar e fiquei novamente no meio. O João achou piada às mudanças e perguntou-me, com a voz pesada de sono, por que tinha voltado para o meio. Disse-lhe que é ali que gosto de estar. 

E tu, João? De que lado preferes adormecer? Esquerdo ou direito?
Ao pé de ti, mamã.

Ó mãe, canta mais uma! Ó mãe, canta mais uma!
E eis que, de repente, sem saber mais onde ir buscar cantigas diferentes para os entreter, começo a cantar a do genérico das Fábulas da Floresta Verde que via em 1985 do início ao fim. Mas como é que me lembro da letra todinha sem uma única falha? E a seguir veio a do Dartacão. E a seguir a dos Flinstones. E por aí fora. E é então que aparecem as memórias de verão. A praia de maio a novembro. Tantas vezes a chuva a bater na toalha. As calipadas ao longo do dia. Os croissants e os lanches mistos a roer a fome de fim de tarde. O leite achocolatado em cima do muro. As fugas de bicla para a piscina. Para todo o lado. Os copos de iogurte atirados de um prédio para o outro e as conversas através do fio. As sestas na rede entre uma árvore e a outra. As perseguições detetivescas pela ruelas mais escondidas de walkie-talkie atrás da mão. 


Ainda sinto o nariz queimado do sol.



Só não me perguntem o que fiz ontem.

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Gente informada é outra coisa

Ó João, que é que o teu pai gosta de ver na televisão?
O meu pai gosta muito do Pesca Radical e do Ouro Abaixo de Zero.
E a tua mãe?
A minha mão quase não vê televisão. Gosta é de ler. Agora anda a ler A Rapariga no Comboio.

Temos big brother em casa. Neste caso, big son.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O protagonista chegou agora a casa com um chocolate preto com laranja. Diz que é para ver se adoço, que ando muito amarga. 

Pois, vamos lá ver como fico com a acidez da laranja.
Hoje de manhã fui passear com o meu pequenito. Só os dois. Às vezes sabe-me bem estar só com um deles para poder olhá-lo como deve ser, sem distrações. Caminhamos muito, de mãos e almas dadas, compramos pão e só regressamos a casa quando já não havia nem uma migalha. Gosto tanto destas nossas pequenas tradições que se vão enraizando no dia-a-dia. São vergonhosamente simples mas ganham a maior importância do mundo quando saímos de casa e, em silêncio, as mãozinhas pequenas me puxam para aquele caminho porque é para ali a felicidade, para aquele pedaço de pão com o mundo a girar à volta. 
No regresso a casa, uma obesa de orgulho fez questão de não nos deixar passar no pouco passeio que restava do seu nariz empinado mas que, ainda assim, teria dado para todos. Olhei para ela e atirei-lhe um sorriso. Vim o resto do caminho a pensar que sinto cada vez mais certeza de que estou a educar os meus filhos na direção certa. Ensino-os a darem o seu lugar, a não quererem ser sempre os primeiros a descer no escorrega, a deixarem a parte mais fácil do passeio para os mais velhinhos, a serem dóceis e amáveis um com o outro e com os outros. Estou a fazer um bom trabalho, sei que estou. E se me disserem que vão ser comidos vivos, volto a atirar com um sorriso. Já vi muito cabrão a ser esbofeteado pela bondade de algumas pessoas. E a levar um grande encontrão de sorrisos como os dos meus filhos.
Malta que foi ao meu casamento, botai os olhinhos nisto.

E agora? Já podemos conversar?

As crianças, as crianças...

Vês, João, foi aqui que tu e o mano foram batizados.
O que é isso de batismo, mamã?
Olha, filho, é quando os meninos se tornam cristãos aos olhos de Deus.
(Silêncio para reflexão)
De que cor são os olhos de Deus, mamã?


Pois é, pois é. Muita gente acha de certeza que era um bom momento para dizer que são de todas as cores e abarcam todas as pessoas, mas não é muita gente que teria que responder às perguntas seguintes. Era eu. Sorri apenas.

Começo a achar que ele faz de propósito e só quer é visibilidade aqui no blog

Vestes o miúdo enquanto eu vou buscar os casacos a ver se nos despachamos a sair de casa?
Visto.



Já vestiste o menino?
Já.
Guardaste o pijama?
Não.
Onde está? Não o vejo!
Não sei... não me lembro onde o deixei.


...


Mamããããããããããã, o mano tem o pijama vestido por baixo da roupa da rua!!!!!!