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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.
Não posso esquecer-me de levar a toalha quando vou tomar banho.

Acho que já decorei. É que, se peço para ma irem buscar, no fim do banho, tenho 24 gavetas para fechar pela casa fora.

terça-feira, 28 de julho de 2020

domingo, 26 de julho de 2020

Dizem que hoje é dia dos avós. Tenho andado a pensar que, sem ofensa para o Inventor disto tudo, às tantas as coisas estão todas ao contrário. Anda uma pessoa toda a vida a construir - ergue uma casa, semeia um jardim, alicerça uma família, acolhe os netos no colo - para depois deixar cá corações em ruínas. Então não seria melhor, Inventor, que, quando chegasse a hora, partissem antes as paredes, por muito triste que fosse para quem tanto suor limpou da rosto a por tijolo em cima de tijolo, partissem antes os canteiros de salsa, cuidados com tanto amor, partissem as ferramentas na parede da oficina, partissem os canteiros coloridos de granjas e estrelícias, que deram muito trabalho a manter, é certo, mas não seria melhor e mais justo que fizéssemos a despedida dos carrinhos de mão e das mangueiras, das enxadas e das vassouras de folhas castanhas? Não seria melhor e mais justo deixar ir as macieiras e o velho castanheiro? Ou que o padre viesse ajudar-nos a beijar pela última vez o cheiro da figueira ao pé do poço? Despedíamo-nos das roupas na arca, da louça no aparador, dos muros caiados, da fonte do menino no centro do jardim, do arame onde se entrelaçam as mãozinhas encaracoladas do feijão verde e dávamos as nossas ao avô, pousávamos-lhe o braço sobre os ombros curvados pelo tempo e seguíamos juntos para casa para sempre. De certeza que ele ficaria triste por ver desaparecer tudo o que as suas mãos tinham construído, mas o nosso colo consolá-lo-ia tal como o seu nos amparou as lágrimas de cada queda que demos quando éramos pequenos. Que pena ser tudo ao contrário. 💗

terça-feira, 2 de junho de 2020

A aliança

Já cá faltavam os diários diz-me lá outra vez da pandemia, não é? 

Pois claro.

Tenho o hábito de tirar a aliança quando faço carne picada para a moldar em hambúrgueres ou almôndegas. Pouso-a em cima do microondas por achar que é um sítio seguro. Ora, chega sempre aquele dia em que nos desafiamos e achamos que pode correr mal mas não vai com certeza, quase de certeza, à partida, não daquela vez. E pousei-a em cima da toalha na mesa.

Fiz o que tinha a fazer. Jantamos. Arrumamos a cozinha. Quando a minha mão ia a caminho do interruptor da luz para dar o dia por terminado, dei pela falta. Segura, dirigi-me ao microondas. De lá, os meus olhos desviaram-se para a mesa, já despida, e foi então que o vi a regressar da varanda com a tolha na mão. Já sacudiste a toalha? Já. E aspiraste as migalhas? Não. Como não tinha migalhas, fui só sacudir qualquer pó que lá estivesse à varanda. 

Já não saímos de casa há dois meses. Era noite cerrada. Chovia tanto, coitado.

Enfim, só para dizer que uma aliança ondulada tem o seu encanto.


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Durante o confinamento, o miúdo disse-me que a única coisa de que sentia saudades da vida normal  eram os almoços com a mãe a meio da semana. Caramba.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Em dias de jogo de futebol, dou por mim a parar tudo o que estou a fazer para prestar mais atenção ao que o homem grita para a televisão durante 90 minutos. É que é rigorosamente igual ao que eu penso dele e digo para dentro todos os dias. É como se me lesse o pensamento quando perdigota Só podes estar a brincar comigo!, E este caralho não vai fazer nada? e Tem vergonha na cara! Mexe-te, palerma!

E posso adiantar-lhe que não terá grande resultado: do outro lado da TV, por muito que ele berre, não vão agir de outra maneira. Deste lado, é o acontece. 

domingo, 26 de janeiro de 2020

Same old, same old...

Que redundante que é vir aqui fazer atualizações!

Em cima da mesinha de cabeceira dos meninos continua disto:

No meu feed privado, abundam as partilhas de receitas de gordices, intercaladas, aqui e ali, com propostas de exercícios para remediar essa predominância e sugestões de prateleiras carregadas de livros para quando o rabo já estiver firme.  


E é isto. Fica, então, a atualização já feita para os próximos anos.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Pá, eu não quero parecer amarga, mas...

"Dicas para tirar o cheiro a fritos da cozinha:
1. Abra a janela..."

"Dicas para reduzir a humidade em casa:
1. Abra a janela..."

A sério?
Peguem nessa dicas, abram a janela e...
Depois de milhares de fotografias das "melhores equipas do mundo", das mesas de Natal à laia de concurso "Quem enche mais a mesa de Natal de frutos secos dos quais as tâmaras são as últimas a desaparecer", dos votos de festas felizes no primeiro dia de dezembro e feliz ano novo no dia a seguir ao Natal, vem agora a enxurrada impetuosa de páginas "1 de 366". Que raio! Comparar a vida com um livro é muito parvo: os livros são tão fixes. Por exemplo, assaltaram-me a garagem no último dia do ano e levaram apenas produtos de limpeza. Tanto lixo para levar e agora o cabrão obriga-me a ir outra vez às compras por causa de lixívia e abrilhantador de chão. Puta que o pariu. Isto num livro nunca aconteceria.