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domingo, 17 de julho de 2011

Orgulho marsupial


Ontem à noite, esta casa testemunhou algo que me deixou boquiaberta: o meu avô de 92 anos, que já se arrasta um bocadito para chegar ao café, jogou à bola com o João com uma genica fantástica, com direito a fintas e grandes acrobacias!
As crianças despertam-nos a juventude (como eu gostava de me lembrar disto nas noites em que não dormi nada para lhe dar de mamar...) e ajudam-nos a regressar aos tempos em que éramos mais nós do alguma vez voltaremos a ser.

O pirata trouxe-me tanto de novo, mas também me lembra todos os dias de quem me compõe. Lembra-me o gosto pelas coisas do campo dos meus avós paternos, o sorriso protector da minha avó materna, as mãos ternas do meu tio, a cara e o cabelo inesquecíveis do meu irmão, o incrível engenho do meu pai, a inteligência encantadora da minha mãe e, pelos vistos, segundo a própria, o indiozinho também tem o queixo igualzinho ao da minha tia paterna.

Parece que herdou o jeito para futebol do meu avô materno. Ah! Os bons velhos tempos do Sport Progresso de Paranhos...

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Coisas boas


Nos dias em que tudo corre bem, lembro-me que sorrio quando

leio as páginas do lado direito de um livro, as que me permitem pousá-lo no colo e ocupar as mãos com um copo de batido de maçã e o pacote de bolachas

encontro espontaneamente amigos que já não vejo há anos

estou perante uma turma inteira bem disposta e com vontade de aprender

sinto a água do mar nos pés pela primeira vez no ano

revejo o mesmo filme que já vi dezenas de vezes e antecipo as cenas

ponho alguém a chorar a rir

janto no verão sem ter que ligar a luz da cozinha

lambo a tampa do iogurte

tenho que ler um documento chato e descubro que a última folha só tem uma página escrita

converso com música de fundo e a letra combina com o tema da conversa

rapo a bacia em que bati a massa do bolo

fico na praia até às 20 horas num dia de calor

chego antes da hora marcada

tenho vontade de sorrir a meio de um beijo

recordo o cheiro da minha escola primária

solto o cabelo depois de andar todo o dia com rabo de cavalo

bebo chocolate quente, mesmo quando está calor

digo bom dia

cheiro hortelã

adormeço a ouvir a chuva

estreio uma caneta

estou sozinha em casa, com a música nas alturas, a cantar aos gritos e a dançar desenfreadamente

vejo a carpete da entrada aspirada

observo alguém de quem gosto a dormir em tranquilidade.



Tenho saudades desses dias.



Por outro lado, hoje só detesto velas de cheiro e o frio que sinto quando saio do banho.



Nada mau.

domingo, 10 de julho de 2011

A última grande nalgada na minha última grande obsessão

Há um ano, estava ainda a dar de mamar e tinha uma mania gigantesca: não podia apanhar nada para não o passar ao miúdo.
Ora, em plenas matrículas, um dos alunos que tinha reprovado chegou cabisbaixo, envergonhado. Sentou-se à minha frente, depois de me cumprimentar, e ali ficou a olhar para o chão. Achei que alguma coisa estava fora do sítio, mas não me apercebi logo do que era.
Depois de preenchidos todos os documentos, perguntei se estava tudo bem.

Oh, nem por isso. Não tenho sorte nenhuma. Veja lá: não me chegava ter reprovado (andaste todo o ano a brincar), ainda apanhei varicela (salto para trás)... e estou com piolhos! (ahhhhhhhh!!!!!!)