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sábado, 29 de outubro de 2011

midautumn's night dream

Quando era miúda, vivia numa casa rodeada de árvores, ao lado de uma quinta. Era um ambiente bucólico durante o dia, assustador à noite. E havia um sonho que me acompanhava a partir do dia em que a hora mudava e às 5 da tarde já era de noite: tentava ir da porta de casa até ao portão e vir, sem companhia, sem luz e sem me borrar toda. A meio da viagem para cá, já com aquela sensação do falta-pouco-é-só-mais-um-bocadinho, aparecia uma bruxa, muito engelhada, com uns olhos assustadoramente penetrantes. Enquanto eu corria, corria e parecia não sair do sítio, a velhota era cá com cada sprint! As unhas negras e quebradas arranhavam-me a camisola atrás e eu corria mais depressa e parecia que escorregava. Ainda me lembro do alívio que sentia quando finalmente passava a porta da cozinha acordava.
Hoje é dia delas. Já sei que vou passar a noite a correr. Gostava que me deixassem dormir. Estou cansada. Mas não creio que o façam. As bruxas são, como acabo de ler num teste, muito enconchientes.