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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Há coisas que me fazem espécie

O português tem expressões fantásticas para quem foi perdendo aqui e além uns parafusos e não ouve algo sem imediatamente visualizar porcaria.
Desde pequena ouço um lado da família (chamemos-lhe o lado esquerdo) a usar a expressão tão beirã "estar com o burrico" para significar "estar com uma puta duma neura".

Ah e tal não chateies a tua prima que ela hoje está com o burrico
Na minha cabeça? Asneira.

Depois surgiu "fazer uma vaquinha".

Vamos fazer uma vaquinha para a viagem de finalistas
Wtf? Não seria mais rápido de avião?

Hoje em dia aprecio a tão recorrente "montar uma cabala".

Fulaninho de tal afirma que estão a montar uma cabala contra si.
Será escusado dizer o que me passa pela cabeça. Mas, se calhar, se Fulaninho de tal se desviar os outros dois são capazes de cair, não?





sábado, 23 de outubro de 2010

estalo de sufragista


Cum raio! Mais de 150 anos de luta e eu ando hoje com um sorriso parvo por ter um bolo quentinho acabado de sair do forno, depois de ter estendido lá fora duas máquinas de roupa, arrumado todas as divisões da casa, guardado a roupa e o calçado de verão, serem 13h19m e já ter dado o almoço ao miúdo, ter almoçado eu e lavado toda a louça à mão. Sinto que está tudo no sítio. Pff! Estúpida.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

a minha receita de polvo à lagareiro

Para conseguir lavar o polvo, tirar-lhe os olhos e o dentinho, preparo um balão amarelo e coloco-o na boca. Com os dentes e a língua, controlo o balão, encho-o e solto-o. O João escaca-se a rir e vai buscar o balão. Repito 4 a 5 vezes. Cozo o polvo na panela de pressão com uma cebola inteira, uma folha de louro, sal e pimenta, durante 30 minutos. Depois de cozido, retiro-o da panela enquanto atiro uma bola de ténis contra a parede, com tanta força que a bola vá parar ao fundo da cozinha e, assim, tenho tempo para o pôr numa travessa de barro. Descasco os alhos, corto os pimentos em tiras largas, junto as batatas com a pele e os restantes ingredientes na travessa. Se a bola já não estiver a resultar, recorro ao balão outra vez. Se o balão rebenta, vou buscar outro, mas tem que ser amarelo, o azul não funciona tão bem. Polvilho com salsa, rego com o azeite e levo ao forno a 200º C durante 40 minutos. Salpico com o vinagre. O Polvo. Com água, a cara do João. Isto garante-me mais uns momentos na cozinha.
Bom apetite!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

As coisas de que verde pinheiro em sépia, por um lado, não gosta e, pelo outro, detesta


As pessoas que começam TODAS as suas intervenções com "Não..." tornam o meu dia mais alegre.

Hugo Gilberto - António-Pedro Vasconcelos, é a tua vez de intervir.
António-Pedro Vasconcelos - Não, eu só quero dizer que ...

in Trio de Ataque

Hugo Gilberto - Pintaste a parede da sala de beije?
António-Pedro Vasconcelos - Não, pintei-a de beije.

in Minha Mente Tresloucada


E, agora que penso nisso, conheço tanta gente assim! O que há de tão giro em contradizer tudo o que ouvem para depois afirmarem exactamente o que foi dito pelo interlocutor? A minha nova estratégia para dialogar com esta malta e não lhes saltar ao pescoço e morder o nariz é comprimir os músculos dos orelhas (será que os temos? Acho que sim, porque, neste momento, estou a fazer exercícios de Kegel nos ouvidos e está a funcionar) e ouvir apenas o não. É divertido. E depois, na minha cabeça [tresloucada] vou fazendo perguntas diferentes das que me saem da boca, ouvindo sempre apenas a parte da resposta que me interessa.

- Achas-te inteligente?
- Não, (e eu deixo de ouvir o resto)

- Consideram-te atraente?
- Não, blablablabla...

- Achas que devias começar sempre as tuas frases com não?
- Não, mas gosto de falar com os outros como se fossem parvos.