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domingo, 23 de dezembro de 2012

Não é este tufo de cabelos brancos que me preocupa.

      

Hoje de manhã, tomada pelo sono, dei por mim a lavar os dentes com a pasta dentífrica da pequenada. Li o que dizia para ver se valia a pena parar tudo e recomeçar a tarefa. Em vez de strawberry toothpaste li strawberry cheesecake. Continuei a lavar os dentes.

Não é este tufo de cabelos brancos que me preocupa. 

É a gula. A idade não me tem trazido bom senso.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Já fui uma pessoa indecisa. Agora não. Agora sei bem o que quero.

Passo na lavandaria e vejo uma pilha de chambrinhos empapados em cocó e um monte de roupa ainda com etiquetas para lavar. Pergunto-me do que vou tratar primeiro. Quer dizer, primeiro não...
Passo na cozinha e vejo a loiça toda por arrumar e a toalha por sacudir. Pergunto-me do que vou tratar primeiro. Quer dizer, primeiro não...
Passo na sala e vejo a mesa carregada de casacos, sacos, brinquedos e livros por arrumar e o correio por abrir. Pergunto-me do que vou tratar primeiro. Quer dizer, primeiro não...
Passo nos quartos e vejo as camas por fazer e as janelas por abrir. Pergunto-me do que vou tratar primeiro. Quer dizer, primeiro não...
Passo no escritório e fecho a porta. Nem consigo olhar lá para dentro, tal é a confusão. 
Passo no hall e o tapete tem que ser aspirado e as revistas arrumadas. Pergunto-me do que vou tratar primeiro. Quer dizer, primeiro não...
Trago na mão um prato com uma fationa de bolo de cenoura. Acabaram-se as perguntas. Vou tratar dela primeiro. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Anda para aí tudo a falar acerca do doze do doze de dois mil e doze. Ei que giro!
A malta prende-se com datas que é uma coisa impressionante. Eu não sou nada assim.
Olha, fez ontem cinco meses que nasceu o meu mais novo amor maior. E não era 12/12/12.
Fez no domingo um mês que o João lava a louça do jantar to-di-nha (não, aflitinhos, não é abuso de trabalho infantil, aquilo dá trabalho mas é a quem tem que estar a segurar no miúdo e na louça e a tentar manter a água dentro da banca!). O catraio ainda não começou a comer e já está a dizer "quem lava a loiça hoje sou eu!". A manter-se assim, a badalhoca sortuda que o levar tem que deitar as mãos ao céu. Entretanto perdi-me. O que vinha eu dizer? Ah! (Foi ali a badalhoca sortuda minha querida nora que me distraiu) fez, então, um mês que o menino lava a louça. E não era 12/12/12.  Daqui a um mês acaba-se-me a ramboia (segundo os entendidos, estar de licença de maternidade é igual a estar em casa sem fazer a ponta de um corno - e do outro também) e , quando eu deixar de ser dondoca (sim, já ouvi este mimo) não vai ser 12/12/12. Enfim, a malta prende-se a datas que é uma coisa... Eu não sou nada assim. Nada.

Espera! Hoje é dia doze? Faz hoje doze anos que ando nesta porca miseria profissional. Shei! Tanto tempo. Acho que vou fazer um bolo de maçã para comemorar. Parabéns para mim: 12-12/12/12!
Anteontem fui ao shopping. Estive na fila para lá chegar, na fila para estacionar, na fila para perguntar se havia outro tamanho, na fila para pagar, na fila para comer, na fila para dar de mamar, na fila para regressar a casa. Já fui pessoa para estragar o meu tempo livre naqueles sítios. Agora não tenho ponta de pachorra para estas coisas. Cada vez menos aprecio carneirada, a menos que envolva uma assadeira e muito alecrim, principalmente porque sei de antemão que vou encontrar falta de consideração pelos outros e próprio-umbiguismo da pior categoria. Até para dar de comer aos garotos há correria para ver quem chega primeiro. O cantinho da amamentação estava repleto, um calor do caraças, eu sentia ao mesmo tempo o miúdo na mama, o cotovelo da do lado nas minhas costas, a respiração da do outro lado no meu cabelo, os olhos da da frente na minha barriga. Tudo muito sorridente, ai que fofinho que é o seu, e as cólicas e tal, arrota um aqui, caga-se outro acolá, continua tudo impávido e sereno, como se ninguém se apercebesse desta sinfonia a interromper as conversas das mamãs babadas: nós já estamos a tentar o infacalm, esta não dorme nada de noite, mas é tão bom, não é?, ah pois há lá coisa melhor no mundo. Entra um casal inglês, it's crowded, let's find some place to sit. E eu ali, a ouvir tudo ao longe, como se vários metros nos separassem. Isto hoje está apinhado, alguém comentou. E lembrou-me de pinhas e de como gosto de pinhões, é verdade não me posso esquecer de comprar nozes e figos. Mas não aqui. Vou a uma loja qualquer do comércio tradicional.   

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Às vezes sinto-me mesmo infantil

Levei o João ao colo para o quarto e fingi que o atirava para cima da cama. 

Mãe, não gosto nada destas brincadeiras, porque são perigosas, está bem?

Embrulha!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Depois do polvo à lagareiro, apresento a minha sugestão de rabanadas poveiras:
antes de mais, espalho pela bancada todos os ingredientes necessários enquanto danço com um hula hoop imaginário e canto aos gritos um elefante estava a saltar numa teia de aranha e como via que não caía foi chamar outro elefante para entreter o Pedro, que se ri à gargalhada. Arranjo o pão, demolho-o no leite, mudo a banda sonora para algo mais natalício como o tio Manel tinha uma quinta ia ia ô e o nessa quinta havia um Pai Natal ia ia ô hohoho práqui hohoho práli. O miúdo continua a rir-se perdidamente, mas já vai intercalando com uns beicinhos. Tiro o excesso de leite do pão, a cantar já mais baixinho - o bebé começa a ficar assustado com a brincadeira e vai mostrando o seu desagrado quanto à forma como bato os ovos, energicamente como requer um ole ai uõt fó crismas iz iu. Quando ponho o pão de molho nos ovos já o miúdo chora desesperadamente e o óleo da frigideira salta para todo o lado. Entretanto deixei cair o frasco de canela no chão e tive mesmo que pegar no catraio ao colo para o acalmar. 

Anotei no livrinho de receitas:
menos: o chão ficou um nojo e a placa toda cagada
mais: as rabanadas não estão más de todo 
nota: não aconselhar esta receita a quem canta tão mal como eu


Confesso que estou apaixonada

Pela primeira vez desde que o Pedro nasceu, está um silêncio incrível aqui onde escrevo. Estou na cozinha, vem um cheiro a assado envolvente do forno. De vez em quando levanto-me e vou espreitar. A sala está em modo lusco-fusco, as luzinhas do pinheiro vão acendendo e apagando preguiçosamente, a porta está quase fechada para não deixar sair o sossego. O meu menino dorme na espreguiçadeira, ao pé do presépio. Sinto um arrepio bom, cá dentro, quando olho para ele ali, com as luzes refletidas naquela carinha tão linda. 

Apaixonei-me outra vez. 
Atenção que com isto eu não estou a admitir que ando a ver os programas da manhã, mas ouvir o José Avillez a falar com a Júlia Pinheiro sobre o que faz e a mostrar a criatividade que põe em cada prato, fez-me pensar que eu realmente gostava era de ter escolhido uma coisa destas para fazer na vida. Só me falta mesmo é o jeito. Sardinha assada na pedra da calçada? Caraças. Isto chega a ser literário. 
Eu gosto de coisas simples. Acho que a minha refeição de sonho, neste momento, seria um creme de alho francês com croutons em azeite e alho, um qualquer prato de bacalhau (desde que meta natas) (e broa) (e muita salsa), nem falo do vinho, que só me apetece mesmo quando não posso e até se me cresce água na boca só de pensar nisso, portanto pode ser outra coisa qualquer que meta hortelã e, para terminar, uma fationa de bolo de requeijão ou um queque de chouriço. Já sinto o guardanapo no colo, porra. A vontade de comer é tramada. É melhor ir dormir, que já é uma e meia da manhã.   

Heróis

Mãe, mãe, a roda do meu carro partiu-se.

Oh! E agora?

Agora o vô arranja.

Achas que o vô consegue arranjá-la?

Sim, ele muito forte...

(pausa pensativa)

... porque é muito gordo!





quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

domingo, 25 de novembro de 2012

Sou uma mãe que acompanha as tendências

A moda do matchy-matchy chegou finalmente cá a casa. Pela manhã, o João entornou o pequeno-almoço e logo de seguida o Pedro bolçou o leite todo. Andaram a combinar o resto do dia. Agrada-me tanto vê-los assim de igual! E mais: parecia que estavam a usar a mesma água de colónia. Gosto disto de ser fashion.
Estou cá a pensar que isto nos últimos tempos se transformou quase exclusivamente num baby blog. Maneiras que se é para estragar, rais ma partam se não estrago tudo de uma vez. E esta escolha de palavras não foi aleatória. Tudo o que mete culinária e eu sai estragado. Hoje vou falar de culinária e transformar este pardieiro num kitchen blog.

Farta de deitar ao lixo coisas fora do prazo (muito fora do prazo, para se ver a frequência com que arrumo os armários...), decidi juntar tudo o que estava quase a estragar-se e fiz a sobremesa. Brownies em cama de panna cotta salpicados com raspas de tangerina. Ora toma! Serviu ao menos para concluir que o meu forte é o empratamento. E mesmo esse deixa muito a desejar, como se pode ver ali em baixo. 

O meu pai não conta, que até daquela vez em que me enganei nas quantidades de sal da torta de cenoura rapou o prato e ainda pediu mais. Mas o meu tio, igualmente guloso mas mais exigente, lambeu os beiços. Não devia estar assim tão mau. 



Epá, cozinho mal, mas ainda sou pior a tirar fotografias. Fogo...


Na terça, andamos todos de pijama: o João na escola e eu em casa. O João por solidariedade, eu por gripe. Sensibilizou-me a forma como o miúdo entende estas causas e as leva tão a sério. Foi o primeiro dia de muitos em que foi para a escola com vontade, por fazer parte desta iniciativa. E eu fiquei em casa a pensar que há tanta coisa fora do sítio, tanta coisa por arranjar. E são coisas que me parecem tão naturais que não entendo por que continuam estragadas. Gostava de viver num sítio onde as mães recebessem os seus bebés no peito e percebessem que naquele momento o mundo para. Mas para isso era preciso que todas os pudessem ter e que algumas os quisessem. E é preciso querer muito, porque não é tarefa fácil. Gostava de viver num sítio onde também encontrássemos muda-fraldas nas casas-de-banho dos homens. Mas para isso era preciso que todos os pais gostassem de mudar fraldas. E que gostassem de as mudar em casa também, onde ninguém os vê a fazê-lo. Gostava de viver num sítio onde os pais apertassem contra o peito os filhos quando chegassem a casa do trabalho. Mas para isso era preciso que tivessem trabalho. E que gostassem de o ter. Gostava de viver num sítio onde as coisas não estivessem fora do sítio, desarranjadas e estragadas. Biscateiros, alguém se oferece?

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Hoje os quatro recipientes de detergente da roupa de bebé vazios que eu guardava religiosamente há quatro anos foram deitados fora. À revelia. Sou uma pessoa organizada e precavida. Não gosto destas coisas! 
Vi-me ao espelho e não me reconheci. Foi um daqueles momentos em que reparamos que está ali ao canto  aquele bibelot que afinal já lá estava há que tempos. Achei-me velha. Os meus olhos estão diferentes. Dei por mim a pensar cala-te, sua parva não estás nada velha não vês que aquelas linhas de rugas abaixo dos olhos são as noites mal dormidas pelo João e pelo Pedro não vês que são os sobressaltos por cada esfoladela nos joelhos por cada romper de dentes por cada constipação não vês que são os apertos no peito por cada lágrima que cada um deles deita não vês que são também as pessoas que vão deixando de aparecer nas fotografias natal após natal e de quem sentes umas saudades inimagináveis por fazerem tão parte de ti que já nem sequer és tu que lhes sente a falta não vês que estão lá porque sorris sempre que pensas que nada farias de outra maneira?


terça-feira, 6 de novembro de 2012

Cá em casa há uma proibição severa relativamente a cenas de violência na televisão e vocabulário agressivo

Estou a passar a ferro. Pedi aos meus pais para entreter os meninos. A avó brinca com o João à porrada contra um boneco do John Cena. O avô embala o Pedro a tratear Xutos e Pontapés. 

Os meus pais nunca gostaram de proibições severas.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Por falar em sumidades precoces: hoje, aos quatro anos, o João consegue fazer uma imitação perfeita do Fozzie. 

Ah não! Afinal é da expectoração!



Mas é ele que está a escrever este texto. Letra a letra. Com os indicadores. Le tra   a   le tra. 

Preciso de um chá de camomila.
Ahã! É, é. Pelos vistos há alguns miúdos que começam a dizer olá aos três meses. Ou antes!

Os meus filhos também são assim. Juro que quando o Pedro chora o ouço gritar qué mamáááááááá!!!! e quando a minha mãe lhe pergunta quem é o amor do menino o bebé responde com um claríssimo àbó. Ontem, enquanto o adormecia ao colo, trazia uma t-shirt com o cartaz de um filme e garanto que ele adormeceu a ler o enredo. Ah! E o João dá grandes abadas no GT4 e tira o carro da garagem.

Estas duas últimas são mesmo verdade, mas é totalmente diferente de começar a falar com três meses.

sábado, 20 de outubro de 2012

Tenho conversado com algumas amigas com várias crianças sobre a aflição de ter mais do que um filho a pedir a nossa atenção ao mesmo tempo. Dizem todas que respeitam as prioridades e a urgência da situação: fome, sono, cocó.

Eu cá também sou muito pelas prioridades e quando fico sozinha com os miúdos atendo sempre primeiro o que berra mais alto.
O Pedro adormece lindamente com:
o colo-gelatina da mamã
o colo cantado da vovó
o aspirador a bombar durante meia-hora
o berbequim na máxima potência
o truca-truca dos vizinhos

Infelizmente, apenas 4/5 destes estímulos são garantidos.


O sacana do saco do aspirador está cheio. Sacana.





quinta-feira, 18 de outubro de 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

E a dieta continua...

Veio-me parar cá a casa uma esplêndida marmelada com nozes - abençoada madrinha! Estou desconfiada que qualquer dia bem posso guardar o sling no sobrado.

Hoarder em latência

Vamos lá esclarecer uma coisa: eu guardo as sacas das compras em sacas das compras não vá precisar delas um dia. Estamos entendidos? Ótimo.

Em casa dos meus pais, havia uma arrecadação dentro de outra arrecadação que era tudo o que eu preciso numa casa: um sítio para esconder guardar lixo. Quer dizer, não há lá só lixo (estou a usar o verbo no presente, porque tenho a esperança que os meus pais ainda não tenham lá ido sem eu saber e deitado tudo fora), também lá estão os meus livros da primária, as minhas primeiras all stars, os patins, nenucos, os cadernos da faculdade, estojos carregados de recados que passávamos nas aulas, t-shirts usadas em ocasiões especiais, mochilas do liceu. Nada disto é lixo!!                     Pois não?...                              

E como é importante manter uma casa arrumada, a minha garagem acaba de sofrer um importante upgrade:  foi-lhe acrescentado um sobrado. Estranhamente, estou com alguma dificuldade em selecionar o que vai para lá. Aquilo é de difícil acesso e sei lá quando é que vou precisar de uma saia com padrão tartan tamanho 10 anos!
.     

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Onde isto começou

Hoje voltei ao sítio onde isto começou. A sala está igualzinha. Só não estava lá quem me levou a querer fazer isto: uma professora topo de gama chamada Mercedes. Quem está daquele lado agora sou eu. E não é que a sala está igualzinha?

A janela da sala de cima

Quando era miúda, vivia numa casa de dois andares. Na sala de cima havia uma janela com um parapeito enorme, mas que era proibida sem a presença de adultos. Ora, já se sabe que tipo de fruta é esse. À medida que íamos crescendo, ia-nos sendo aberta a possibilidade de lá estarmos, mas dessa parte não me lembro. Ficou-me a sensação da luz do sol em boomerang a refletir-se no cimento e a bater-me nos olhos, as tranças que a minha tia me fez, os livros que folheei a fingir que já sabia ler, a horta lá fora atirada ao vento frio e a minha avó cá dentro a fazer-me camisolas de lã, a esparguete com ovo estrelado quando fazia fitas para não comer. Caraças, aquele parapeito fazia da vida uma coisa tão simples.

John's Anatomy

João chega à cozinha com um ar curioso. Aponta para o tornozelo e:
Mãe, para que serve o maléolo?

Hein??

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pois então voltamos ao inglês. Sei... Cheira-me que vamos ter problemas.
Mas por que há de ela continuar a sorrir? Tshh


segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O Verdadeiro Pulsar da Vida

Até hoje, sempre que um dos meus filhos olhasse para mim e sorrisse sentia que aquele era o melhor momento da minha vida. 
Enganei-me. 
Aos poucos vejo chegar aquele momento único que acho que todas as mães de dois desejam: quando eles olham um para o outro e deixam ver um sentimento que não vamos buscar a lado algum, que estava lá antes de chegarmos. 


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Ter um filho tolhe-nos os sentidos

Hoje, na feira medieval, ao passar na barraca dos chás, ervas e afins:

Ui, que puto de cheiro a Colimil!

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Que orgulho! O meu filho ainda não sabe falar inglês! 2

Onde se lê Starsun, o João lê saco para guardar a viola.

O João conhece as leis da física e sabe o que fazer para o som atravessar o vidro

Esta rua tem uma coisa bonita: no verão, vai toda a gente para a varanda, cumprimentamo-nos de um lado para o outro da rua, esticamos o pescoço para dizer olá à vizinha do lado, acenamos a quem passa. É bonito! A menos que o João esteja na varanda a jogar à bola, me veja a passar no quarto em direção ao wc e grite Mamãããããã, vais fazer cocó?

Descobri outra coisa gira nesta rua: faz um eco do caraças...

terça-feira, 28 de agosto de 2012



«Diferenças entre o primeiro, o segundo e o terceiro filho:

O primeiro filho sempre tem tudo documentado, filmado, fotografado.
O segundo filho também. Está é tudo armazenado na máquina.

As mães guardam os primeiros fios de cabelo e até o cordão umbilical.
Por acaso tenho andado a pensar nisso! Mas onde é que o terei guardado? 

O segundo já não tem tantas recordações e o terceiro não sabe sequer como foi parar àquela família!

As diferenças básicas entre os 3 primeiros filhos:
O que vestir
1º bebé – A mãe começa a usar roupas para grávidas assim que o exame dá positivo (check!)
2º bebé – A mãe usa as roupas normais o máximo que puder (check!)
3º bebé – As roupas para grávidas SÃO as suas roupas normais
Preparação para o nascimento
1º bebé – A mãe faz exercícios de respiração religiosamente (check!)
2º bebé – A mãe não se preocupa com os exercícios de respiração: afinal lembra-se que, da última vez, eles não funcionaram (check!)
3º bebé – A mãe pede a epidural no oitavo mês
O armário
1º bebé – A mãe lava a roupa que compra para o bebé, arruma tudo de acordo com as cores e dobra-a delicadamente dentro da gaveta (check! embrulhada num lençol)
2º bebé – A mãe vê se as roupas estão limpas e só descarta aquelas com manchas escuras (check! mas continua a embrulhar tudo num lençol)
3º bebé – Os meninos podem usar cor-de-rosa, não é?
Preocupações
1º bebé – Ao menor resmungo do bebé, a mãe vai a correr para pegar nele ao colo (check! depois de ter estado alerta durante duas horas a ver se o bebé chorava)
2º bebé – A mãe pega no bebé ao colo quando os seus gritos ameaçam acordar o irmão mais velho (check!)
3º bebé – A mãe ensina o mais velho a dar corda ao mobile do berço
A chupeta
1º bebé – Se a chupeta cair ao chão, a mãe guarda-a até chegar a casa e fervê-la (check! se estiver já em casa, a mãe guarda-a até chegar à cozinha e ferver as 200 chupetas que o miúdo já atirou ao chão durante a manhã)
2º bebé – Se a chupeta cair ao chão, a mãe lava-a e devolve-a ao bebé  
3º bebé – Se a chupeta cair ao chão, já o mais velho está treinado a apanhá-la e a pô-la na boca do bebé (check! e não, não me enganei e saltei sem querer o segundo filho...)
Troca de fraldas
1º bebé – A mãe troca as fraldas de hora em hora, mesmo se elas estiverem limpas (check! Gastam-se muitas fraldas com um bebé pequenino! e quando caem ao chão ainda por usar??)
2º bebé – A mãe troca as fraldas a cada duas ou três horas, se necessário (check!  mas continuam a cair-me ao chão, as parvas)
3º bebé – A mãe tenta trocar a fralda antes que as outras crianças reclamem do mau cheiro
Actividades
1º bebé – A mãe leva o filhote às aulas de música para bebés, teatro, massagens, … (check!)
2º bebé – A mãe leva o seu filho a aulas de música para bebés (check!)
3º bebé – A mãe leva o filho ao supermercado, à padaria…
Saídas
1º bebé – A primeira vez que sai sem o filho, a mãe liga cinco vezes para casa para saber se ele está bem (check! cinco?! só?!)
2º bebé – Quando abre a porta para sair, a mãe lembra-se de deixar o número de telefone de onde vai estar (check! e faço por me esquecer do telemóvel o armário do hall)
3º bebé – A mãe dá ordens para só lhe telefonarem se virem sangue
Em casa
1º bebé – A mãe passa grande parte do dia só a olhar para o bebé (check! do dia e da noite)
2º bebé – A mãe passa algum tempo a olhar para as crianças só para ter certeza que o mais velho não está a bater no bebé (check! neste caso, a fazer-lhes dóceis festinhas com os pés...)
3º bebé – A mãe passa bastante tempo a esconder-se das crianças»

Que saudades de comer crepes...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sempre que tento impingir estratégias antipedagógicas ao João acontece-me isto

(Ao almoço)

 Só quero o arroz!

Só o arroz? Mas os meninos bonitos comem o arroz E A CARNE!

Os meninos bonitos? 

Sim.

E os maus?

Os maus só comem arroz!

Só quero o arroz!

Então és um menino mau.

Não sou nada!

És, és!

Não sou nada!

(pausa estranha)

Mamã (exibindo um beicinho manipulador), o que comem os meninos tristes? Gelado?


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Há 4 anos o meu coração batia nervosinho. Parece que adivinhava que no dia seguinte ia começar a bater.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mãe, olha a lua!

Que linda, João! É lua cheia!

(silêncio)

Mãe, o que é que a lua tem dentro?

Dentro, filho?

Sim, disseste que a lua está cheia! Cheia de quê, mãe?


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Adenda ao post anterior

Não vale a pena fingir! Levava a cara a dois centímetros do chão, porque me doía a barriga de tanto me rir da cara que a senhora fez quando coloquei a minha mão em cima da dela e lhe disse que já nasceu há mais de uma semana! Eu não regulo bem.

Dois pesos, duas medidas

Uma semana depois de dar à luz, chega a hora da balança. Entro no centro de saúde com a cara a dois centímetros do chão: Ai que engordei tanto, nunca mais me livro destas regueifas!


Uma enfermeira depois, oito quilos já lá vão. Parabéns e tal, já está quase no peso inicial. Começo a levantar a cara.

O senhor doutor, no habitual humor corrosivo, não estranha que eu passe a madrugada a comer gregos acompanhados com várias belgas, já que sempre defendeu que esse tipo de exercício é o que nos leva de volta à forma inicial. Ah ah ah! Levanto a cara e mostro o sorriso.

Toda a gente diz que estou muito bem sim senhora, nem se nota, magrinha como sempre, assim sim, assim é que é. Já levo o nariz bem levantado.    


À saída, cruzo-me com a mãe de um coleguinha da escola do pirata mais velho. Põe-me a mão na barriga e, com ar meigo, exclama: Já deve estar quase a nascer!

Saio do centro de saúde com a cara a dois centímetros do chão...


Que orgulho! O meu filho ainda não sabe falar inglês!

Com o indicador a percorrer a placa que diz "push" na grade movível do berço, o João lê "cama do mano". 

quinta-feira, 28 de junho de 2012

É preciso ter galo, ou cock, ou lá o que é...

Hoje, na SicMulher, Maria João Lopo de Carvalho apresentava, no mais mulher, as suas sugestões de leitura. Enquanto sugeria o novo livro de Miguel Sousa Tavares, lia-se em rodapé: 

"A HISTÓRIA NÃO ACABA ASSIM", DE MIGUEL SOUSA TAVARES 

reúne escrotos políticos (alguns inéditos)...


Bom, cada qual escreve sobre o que quer. 

Eu cá só acho que a escritora teve sorte: escreveram-lhe o sobrenome em condições...



sábado, 2 de junho de 2012

Todos os dias vou à varanda despedir-me dos meus pais com um até amanhã e atiro-lhes um beijinho. Hoje o vizinho correspondeu ao beijo e lançou-me um também com um sorriso de orelha a orelha...

Estou a ver que desta vez vai ser difícil curar as feridas da amamentação ao sol.    

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pepperoni extra


Normalmente trato o João por meu amor. Parece-me conveniente. O que não é de todo conveniente é pegar no telefone para encomendar pizza, continuar a brincar com o pirata, atenderem do outro lado, não me aperceber e continuar com um lânguido "O que é que tu queres, meu amor? Diz lá o que é que tu queres, meu amor!" e responderem do outro lado "Mas a senhora é que tem que dizer o que é quer!" 

Isto dá um novo sentido à promoção quartas-feiras loucas!