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domingo, 24 de dezembro de 2017

Corretor ortográfico natalício

Todos os anos envio beijinhos com cheirinho a rabanadas nas mensagens de Natal. 
Hoje achei que já chegava e resolvi mandar xi-corações com cheirinho a canela. Correu mal: o corretor resolveu transformar as minhas palavras e a pressa não me permitiu aperceber-me antes de enviar. 
Assim, a todos @s amig@s a quem enviei "xi-corações com cheirinho a cadela", as minhas desculpas. 
Quer dizer, na verdade e bem vistas as coisas, o bacalhau convida a um bom tinto, não é verdade?
Para o ano, envio abracinhos com aroma a pinhões. Vamos ver como corre.
Feliz Natal!

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Conheço três tipos de pessoas no que toca a lidar com o frio: há gente que está sempre quente, há os friorentos e, depois, existo eu. 
Os primeiros são os que gostam de entrar numa cama fresquinha, "porque lhes sabe bem". É vê-los esfregarem-se languidamente nos lençóis como se estivessem a fazer anjinhos na neve. 
Os segundos são os adeptos das botijas: enfiam-nas na cama duas horas antes de se deitarem para garantirem que, quando lá chegam, não se arrepiam até ao tutano, ou andam com elas para todo o lado, o que inclui as idas ao WC. 
Eu... bem... um dia destes cheguei a casa com os pés tão gelados que, quando me descalcei e os pousei na tijoleira, senti que estavam, finalmente, a ficar mais quentinhos.

domingo, 26 de novembro de 2017

Todos conhecemos pessoas que adormecem a meio de filmes.  
Também as há (e cada vez mais) capazes de adormecer quando ainda nem apareceu o nome do artistinha principal. 
Sugiro agora a criação do grupo de malta que adormece enquanto escolhe o filme que vai ver. 
 
Não que saiba alguma coisa sobre isso. Cof cof...




sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Note to self

Há obras na fachada do prédio. Não ir buscar roupa ao estendal depois de tirar o pijama.  Não ir buscar roupa ao estendal depois de tirar o pijama.  Não ir buscar roupa ao estendal depois de tirar o pijama.  Não ir buscar roupa ao estendal depois de tirar o pijama. 

O estendal está na lavandaria. 
O andaime também.
Constrangedor.


sábado, 11 de novembro de 2017

As minhas amigas dizem que tenho opiniões fortes sobre isto. Deve ser dos exercícios de Kegel.

Até me custa escrever sobre isto. Quem, daqui a milhares de anos, andar a escarafunchar nas nossas coisas, se descobrir estes rascunhos ranhosos, há de datá-los erradamente.

Ao longo desta semana, por motivos vários, a conversa acabou por ir dar, de uma maneira ou de outra, às obrigações de cada elemento de um casal. Comentávamos que hoje em dia já ninguém almoça em casa, que a única refeição em família é o jantar e que os nossos homens, chegados a casa mais cedo do que o habitual, comiam qualquer coisita, caso não houvesse restos do dia anterior. A mim também já aconteceu comer uma malga de cereais refastelada no sofá por não me apetecer cozinhar, descongelar, aquecer ou encomendar o almoço. Não me fez mal. Não me fez bem. Mas que bem que me soube! Agora, todos os dias? 

Eu gosto de apaparicar, gosto de dar colo. Acho sempre que o melhor que posso dar de mim é mimo. Mas também acho que porra caraças. Eu não cozinho com a vagina. Uso as mãos: dá-me mais jeito. Ora, o que me distingue do meu homem é o facto de eu ter vagina e ele não. Assim sendo, ele pode usar as mãos dele para preparar qualquer coisa para o almoço dele. Do mesmo modo, cá em casa cada um trata das suas coisas. É sabido que sou uma mãe-galinha. Adoro os meus filhos, por isso são eles que fazem a sua cama. Quero o melhor para os meus filhos, por isso são eles põem a sua roupa para lavar no cesto. Ser mãe é o que mais me satisfaz e é a maior responsabilidade que tenho, por isso são os miúdos que arrumam as suas coisas. 

Ainda assim, sinto que a maior parte das coisas está nas minhas costas, mas pelo menos sei que estão a preparar-se para se sentirem capazes rapazes. Não sou eu que os preparo, são eles próprios.

Claro que, pensando bem, o ideal era que fossem os homens cá de casa a cumprir as minhas tarefas também, enquanto mando abaixo, esparramada no sofá, mais uma tigela de cereais ;)



domingo, 24 de setembro de 2017

Como ser uma mãe palerminha em três passos

Passo 1
- Não achas que está na altura de conversarmos com o miúdo sobre isto do Pai Natal? Se calhar já está mais do que na idade...
- É melhor, é, antes que saiba por outros ou que faça figurinhas.

Passo 2
- Senta-te aqui ao pé de mim, filho. Vamos conversar.
- Ui! Vem aí coisa. É boa ou má notícia?
- Nem boa nem má. Só queremos falar contigo.

Passo 3
- Sabes, é que queremos contar-te uma coisa.
- O quê?
- O Pai Natal não existe.
(pausa para suspirar de alívio)
- Ah, bom! Pensei que íamos falar sobre relações sexuais! Era só isso? Já posso ir?


sábado, 5 de agosto de 2017

Ando embevecida a ver estes dois irmãos e a forma como lidam diariamente um com o outro. No aniversário, o Pedro quis, como prenda, uma bicicleta nova para o mano. Agora andamos a sondar o João para sabermos se acertamos no que ali está escondido. Parece que vamos ter que guardar aquilo para mais tarde: pediu uma prenda para o irmão. 
Mundo, não estás preparado para estes dois meninos que em ti pusemos.
Ainda estou a limpar as lágrimas. Chorei de tanto me rir. 
Os miúdos estavam a ligar o computador quando apareceu uma nova imagem no ecrã.
João - Olha, mãe, a tua imagem de utilizador é um lindo farol no cimo de um rochedo a orientar os barquinhos lá ao fundo. 
Pedro - Vamos ver qual é a tua mano? E a minha também!
João - Que gira! A minha é uma paisagem do campo!
Pedro - Ah! A minha é uma montanha na primavera! Falta a do pai. Vamos ver!

Aparece, em primeiro plano, agarrado ao tronco de uma árvore, com olhos de quem acabou agora o turno, um preguiça bonacheirão.

João e Pedro (em uníssono) - Um preguiça! Faz todo o sentido!

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Instalar um sistema de rega automática na varanda é capaz de ser coisa que não agrade aos vizinhos e muito menos a quem vá a passar.

Trago comigo uma grande preocupação: tal como quem tem animais de estimação e precisa agora de os levar consigo para onde quer que vá, ou para o hotel que os vai albergar, ou, sejamos francos, para casa dos pais, eu não sei o que fazer aos meus vasinhos das aromáticas. Se as deixo para trás, quando regressar, venho encontrar um matagal de palha. Quantos vasinhos caberão numa mala para transporte de gatos?

Mensagem subliminar auditiva

Lembram-se daquela experiência com a mensagem subliminar da Coca-Cola de que ouvíamos falar na nossa infância? Pois, a partir de hoje, nenhum Vicary precisa de me convencer: estou certa de que estas coisas funcionam mesmo. Não há fraude. Primeiro, porque o meu estômago é mais rápido do que a minha perceção visual e não preciso que me convençam a beber Coca-Cola ou a comer pipocas seja em que momento for. Depois, porque hoje vivi uma experiência do género, mas ao nível da perceção auditiva. Nota mental em jeito de conclusão - não voltar a descarregar aleatoriamente um qualquer conjunto de músicas para acompanhar o meu exercício físico. 

Está calor. Não dormi em condições. Saio de casa já cansada, mas com muita necessidade vontade de correr. O ar abafado bate-me na cara e vai-me bofeteando a cada passada. Inicia a música. Não conhecia, mas o ritmo é promissor para acelerar na subida ali à frente. Trata-se de Primeira Dama de David Carreira que começa assim, mesmo no início da subida: Estou a ficar sem ar / Custa respirar. Foi neste segundo verso que desliguei o telemóvel. E voltei para casa. Estou no sofá a tentar recuperar.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Como mostrar maturidade quando se tem quase quarenta anos

Recentemente tive que tomar uma decisão, a meu ver, importantíssima para o meu futuro e para o da minha família. (Agora quem rabiscou a porra desta cena a que chamamos vida deve estar a soltar umas belas gargalhadas, que a decisão não era aSSIM tão importante, mas quando é para dramatizar, dramatizo, mas dramatizo em condições!...).
Estava a ser bastante difícil chegar a uma conclusão, o caminho era especialmente bifurcado, portanto, no limite do tempo que tinha para me atirar de cabeça a uma das estradecas, fui ao youtube afirmando que o primeiro vídeo que me aparecesse ia ajudar-me a decidir. Eis quando vejo o famoso trecho do Cristiano Ronaldo (toca a guardar as chuteiras, Gustavo Santos - there's a new guru in town). Foquei a minha atenção no "Tu bates bem! Se perdermos que se foda!" e escolhi o caminho mais difícil. Se perder, que se foda. 

Isto é sim é maturidade.

Não deixes para amanhã (vê-se logo que é falta de vontade)

(Plano unicorniano)
- Amanhã, como os miúdos vão dormir aos avós, podíamos acordar cedo, íamos correr juntos, tomávamos o pequeno-almoço nas calmas...
- Parece-me muito bem.

(Realidade)
- Isto foi a campainha? Quem será? Que horas são?
- Está tudo bem? Tens umas dez chamadas não atendidas no telemóvel. Fartámo-nos de ligar; como ninguém atendeu, viemos trazer os miúdos. Estávamos preocupados: já é meio-dia!

sábado, 22 de julho de 2017

Silly season (que já se arrasta há uns tempos) #1

Como é que espetar com hansaplasts em quatro dedos de cada mão é melhor do que mostrar unhas sem verniz?

quinta-feira, 20 de julho de 2017

O Pequeno Geekzinho

Ter cinco anos, chegar finalmente a casa, depois de um dia cheio, e dizer Ahhh! Chegamos a Tatooine! ou apanhar a mãe com o tau e atirar para o lado Hoje a mãe está com cara de Darth Maul mostra-me que estamos a fazer um bom trabalho com estes miúdos. :)

sábado, 24 de junho de 2017

Tem uma coisa boa o pai cá de casa - faz tudo para me ver satisfeita. Bem, tudo não, mas quase tudo. 
Peço-lhe que deixe a casa a arejar quando sair. Mas é para deixar tudo aberto? Sim, tudo, não te esqueças da lavandaria. Ok, até logo. Quando chego a casa, tenho a pasta de dentes aberta, a tampa ao lado: devia estar a arejar. As gavetas dos armários da cozinha abertas: estavam de certeza a arejar. A toalha em cima da mesa e a caneca do pequeno-almoço em cima do sofá: estava tudo a arejar. Sanitas, saco do lixo, máquina de lavar: a arejar também. 
Só é pena esquecer-se de abrir as janelas.
Quando era miúda, interessavam-me os livros e as suas narrativas. Depois cresci e achei que aquilo a que me dedicava profissionalmente era a minha melhor decisão e que tinha nascido para contar estórias. Não percebia nada disto de escolhas. O meu melhor papel é o de mãe, caramba.  É no que me sinto eu. Nada se compara a esta história, na qual não é o tempo que passa que nos acompanha, somos nós que tentamos acompanhá-lo, sentindo-o a escapar-se por entre colos e cantigas de embalar, depois entre as tradições que vamos criando nas nossas crianças, que se tornam, entretanto, adolescentes que renegam essas memórias, escondendo sorrisos de saudade no canto da boca. Sei-o agora com firmeza: nada faz de mim mais eu do que ser mãe.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Baralharam isto tudo e agora não sei onde tenho as coisas

Nem sempre consigo ver o copo meio cheio, apesar de até ser predominantemente otimista. Na maior parte das vezes, sempre que descubro algo sobre as pessoas que julgava conhecer bem, é mau. Ou então o meu julgamento não era acertado...
Mas, de vez em quando, lá me cruzo com alguém, frequentemente alguém com quem não volto a ter contacto, que reabilita a minha crença na bondade. Tem acontecido amiúde, especialmente em situações de aperto, que é, efetivamente, quando estamos mais dispostos a sentir o abraço alheio. E, nesses instantes, parece que ouço as roldanas do mundo a pô-lo de volta no sítio, a minha gratidão a empurrar a descrença com o cotovelo e a fé a fechar-lhe a porta do lado de dentro. Só com duas voltas à chave, claro.

domingo, 7 de maio de 2017

Eu estou bem! Eu estou bem!

Atualização deste post:
Enviei-me um email a lembrar a lista de afazeres para a semana. Assim que carrego no "enviar", o telemóvel dá sinal de chegada de novo email. Desabafo:
#%*☆-⊙♧!!!!! Já me estão a mandar mais emails?!?

A relojoaria cá de casa

Aqui, temos relógios muitos diferentes. O masculino é automático e parece ganhar corda com a MINHA atividade: só desperta quando já está tudo feito.

domingo, 19 de março de 2017

Tenho todo o gosto em explicar-vos o que é essa porra isso do slow parenting.
Compramos umas escovas dos dentes muito giras para o Pedro. A escova em si é um peixinho assustado e a tampa é um tubarão que o devora.
Pois então, slow parenting é isto mesmo: uma gaja a cair de sono, à espera que o filho escove os dentes em condições, enquanto o cabrão do tubarão come o palerma do peixinho a cada escovadela. Suficientemente slow, quer-me parecer.

domingo, 12 de março de 2017

O homem desta casa é assim como um tornado: por onde passa, vai deixando tudo fora do sítio. Ele é luzes acesas por todo o lado, ele é pastas dos dentes destapadas, ele é saco dos cereais sem mola, ele é gavetas abertas, ele é televisões ligadas, ele é portas por fechar. Eu sinto-me uma espécie de proteção civil. Mas tudo isto tem uma vantagem: é fácil encontrá-lo quando está escondido metido no clash royale - é só seguir-lhe o rasto de destruição.

segunda-feira, 6 de março de 2017

A malta resolveu premiar o João pelas notas dos testes. Resultado?

- Então, filho, já recebeste os testes?
- Já.
- E que notas tiraste?
- 30 euros.

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Hoje passamos num café/salão de jogos que tinha, à porta, o seguinte aviso:

PROIBIDO ATIRAR SETAS A MENORES DE 16 ANOS

Compreendo. A partir dos 16 têm mais agilidade para se desviarem.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Quando me quer despachar e evitar as perguntas de fim de dia de escola, o Pedro arma-se em Robinson Crusoé.

Então, filho, como foi o dia?
Bom.
Brincaste muito?
Sim.
O que comeste?
Sopa.
E mais?
Mais coisas.
E quem estava sentado ao teu lado?
Uma menina.
Como se chama essa menina?
Não sei.
Não sabes? Como não sabes?
Chama-se Quinta-feira... Já posso ir brincar?



sábado, 28 de janeiro de 2017

Não percebo. Estou a fazer tudo bem. Por que é que não resulta?

Continuo a achar que sou, todos os dias, assaltada por banners que nada acrescentam à minha vida e ao meu bem-estar. Desconfio, aliás, que quem lhes chamou banner tinha mesmo em mente a alusão ao Bruce. Aquele. O verdinho. É que estes artigos fazem um bruto smash aos meus momentos de WC de paz.

"O segredo para estar sempre linda - "10 hábitos para ter uma pele radiante"

1. Periodicamente, esfolie a pele do seu corpo. 
Ora bem, já aqui falamos sobre isso. Eu cá sigo esta regra mas é mais na altura da praia, quando sou atacada pelos brinco com os meus filhos no areal. Diz que a água do mar também faz muito bem e aquilo, misturado com areia, esfolia de caraças. Garante-o o meu bronzeado esfarrapado.

2. Cuide da sua pele todas as manhãs.
Pois, com certeza. Mas é antes ou depois de tratar da roupa, de fazer dos lanches, de adiantar as refeições, de verificar as mochilas e de sair de casa com os bofes de fora? Ah! Tenho que me levantar de madrugada depois de andar a saltar de cama em cama a verificar febres e a curar pesadelos? É para já!

3. A cada 15 dias, prepare uma máscara de gelatina.
E eu preparo! Também faz efeito internamente?
4. Todas as noites, limpe o rosto com tónico.
Mais uma vez: e eu faço-o! Mas repito a pergunta: também faz efeito por dentro? E devo prepará-lo com ou sem rodela de lima?
5. Beba muita água.
Vide questão anterior.
6. Livre-se do stress.
Ahahahahahahahahahahahahah! 
7. Retire sempre a maquilhagem.
 Ou empaste-se com ela! Não era para estar sempre linda e ter uma pele radiante?
8. Exercite-se.
Lá está. Já refleti sobre isso no ponto dois.

9. Periodicamente, aplique uma máscara de abacate.
 Adoro! Mas continuo a questionar se estas coisas funcionam como máscara quando ingeridas.

10. Durma o suficiente.
Vou repetir-me: Ahahahahahahahahahahahahah!


sábado, 21 de janeiro de 2017

Só se estraga uma casa

Fulaninho de Tal - Hoje não posso fazer a aula, professor. Tenho uma unha encravada.

Pai-destas-crianças - OK.

Beltraninho de Tal - Não vai verificar, professor?

Pai-destas-crianças - Verificar o quê?

Beltraninho de Tal - Então... verificar se o meu colega tem realmente uma unha encravada!!

Pai-destas-crianças - Não. Prefiro confiar. Já viste se ele me dizia que não ia fazer a aula porque tinha hemorróidas!?!

"Como assim o teu filho de quatro anos trata da roupa?"

Pensei que tínhamos ficado esclarecidos.


Herança

Acabo de receber um telefonema da minha mãe.

Obrigada, filha, pela canja que deixaste, com o recado, para mim. Senti-me pequenina outra vez. É igual à da Avó.


Isto é, seguramente, a coisa mais importante que a minha mãe me disse em toda a minha vida. Estou em lágrimas.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Tenho uma sorte tremenda. Há quase quatro décadas, nasceram, para mim, os Avós. Os mais dedicados. Prestadores de colo com total abnegação. De um amor que sempre foi, em momentos bons e menos bons, um ensinamento para a toda a vida. Como costumo dizer, aprende-se a amar sendo amado. Foram os Avós que nos ensinaram a amar. Experimentando, fomos aprendendo. Sem exigências, sem esperarem retorno, dedicaram-se aos netos e dedicaram-lhes todo o tempo que tiveram. Tempo precioso.

Tenho uma sorte tremenda. Há quase quatro décadas, nasceram, para mim, os Pais. Os Pais são competentes em tudo o que fazem, mas em nada são mais capazes do que nisto de serem pais. Foi sempre assim. Em sorrisos e lágrimas, em borboletas na barriga e brilho no olhar, é por eles que procuro quando olho em redor à procura de sorrisos para pousar o meu, de lágrimas para juntar às minhas, de borboletas para dançar na barriga e de luz para me guiar. Vamo-nos erguendo, sucessivamente, juntos. Agora, já mãe, os Pais nasceram também, como Avós, para os meus filhos. Estou tranquila porque sei que, daqui a uns trinta anos, o João e o Pedro saberão que têm uma sorte tremenda. Sei que reconhecerão o Amor onde quer que o vejam, porque sabem o que é. Estão a aprendê-lo. 

Todos os dias, 
                                   
                                    todos    os    dias, 

                                                                     o Avô vem buscar os meninos para os levar à escola. Não é necessário, está sempre gente em casa, tenho um horário que me permite levá-los, com calma, a pé, sem confusão, sem pressas, sem nervos, todos os dias. Mas o Avô está cá sempre para os levar. Quer estar presente, quer fazer parte, quer construir memórias, quer dar colo. Com total abnegação. Não cobra de volta. Tem, mas não cobra. E tem porque está a desempenhar bem o seu papel de ensinador de Amor.

Quando eu era da idade dos meus filhos, o meu Avô também me ia levar à escola. Não era preciso.
Todos os dias, 
                                   
                                    todos    os    dias, 

                                                                     o Avô ia levar-me. Levava-me a mochila. Não é preciso, Avô! Mas eu quero. E levava-me a mochila. É esta a imagem que guardo junto das nossas conversas e das amoras que apanhávamos pelo caminho. Agora, é outro o Avô que leva a mochila. As conversas são outras. O Amor é o mesmo. Tal e qual. Daqui a trinta anos, é esta a imagem que os meus filhos terão das manhãs em dias de escola.

Os meus filhos têm uma sorte tremenda.

                               

domingo, 15 de janeiro de 2017

Tantos brinquedos, Pai Natal, e para quê? Afinal, nesta casa destila-se critatividade...

Mãe, gosto de brincar com os raios de sol a entrarem pela janela. Se agitar bem os braços, vê-se aquele pó todo no ar. Então, finjo que sou um gigante malvado e que aquelas partículas de pó são helicópteros da polícia que vou destruindo.


E ando eu feita parva a aspirar o cotão dos cantinhos. Aquilo passa bem por colunas de canhões, não?

Oh não! "Afinal quem é o adulto aqui?" - nova versão

Tínhamos acabado de jantar.

Precisas de ajuda com a louça, mãe?
Não, obrigada, Joãozinho.
Então posso ir jogar Playstation?
Podes, filhote.

À velocidade da luz, o João dirige-se para a sala. Do alto dos seus quatro anitos, o Pedro olha para mim com ar de desaprovação:

O miúdo está mesmo viciado, mamã.